Em SP, cotas para mulheres e negros estão sob suspeita
Foto: Zo Guimarães
Às vésperas de uma eleição que pode aplicar pela primeira vez reserva financeira para candidatos negros, a Justiça Eleitoral ainda tem dificuldade de fiscalizar outra cota, a de gênero.
Dados de prestação de contas da última eleição mostram desproporcionalidade entre gastos de candidatas e candidatos no estado de São Paulo, com mulheres gastando até 20 vezes mais para cada voto conquistado. Em 2014, a disparidade nesse quesito era significativamente menor, embora o valor total destinado às candidatas tenha crescido em 2018.
Os resultados levam a duas possíveis conclusões. Uma delas é que a simples destinação de recursos, sem o apoio da estrutura partidária, pode não ser suficiente para aumentar significativamente a representatividade das mulheres na política, embora contribua para isso.
Uma outra hipótese é que parte da verba pode ter sido desviada da campanha dessas mulheres.
Para o cientista de dados do Insper Danilo Carlotti, autor do levantamento, ainda que seja necessário analisar individualmente as campanhas para chegar a conclusões precisas, a disparidade nos gastos leva à suspeita de que recursos destinados a mulheres podem ter sido usados, na verdade, para promover homens.
Redação com Folha