Novo chefe da Lava Jato no PR atuou na delação de Léo Pinheiro

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Foto: Reprodução/ Assofepar

O novo coordenador da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, Alessandro José Fernandes de Oliveira, é considerado um procurador “muito discreto”, “técnico” e “ponderado”. Experiente em casos criminais e de corrupção, Oliveira atuou nos acordos de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e do lobista Jorge Luz, assinados durante a gestão da procuradora-geral da República Raquel Dodge.

Procuradores e advogados que atuaram com Alessandro Oliveira citam que seu estilo “discreto”, de poucas aparições na imprensa e sem utilização de redes sociais, pode imprimir uma nova forma de atuação à Lava-Jato, diferente da atuação do seu antecessor Deltan Dallagnol, que fará um trabalho de transição durante 15 dias. Dallagnol vinha sendo criticado internamente no Ministério Público Federal sob acusação de ter criado um estilo “personalista” à frente da Lava-Jato e é alvo de procedimentos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderiam afastá-lo do caso.

Oliveira auxiliava o grupo da Lava-Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) desde janeiro de 2018, ao mesmo tempo em que acumulava a sua função de procurador no Ministério Público Federal do Paraná. Por isso, ele funcionava como um ponto de apoio da PGR em Curitiba, atuando nos casos da Lava-Jato que envolviam políticos com foro privilegiado, como essas duas delações.

O procurador foi responsável por implantar, na PGR, um sistema eletrônico de acompanhamento do cumprimento dos acordos de colaboração premiada. O projeto facilitou o monitoramento da recuperação de valores aos cofres públicos.

Naquela época, Oliveira participou de um pedido de demissão coletiva contra Dodge, realizado pelos procuradores do grupo da Lava-Jato na PGR em protesto contra uma manifestação feita por ela que arquivou sumariamente quatro anexos da delação premiada de Léo Pinheiro, sem permitir que houvesse investigação. O procurador foi um dos que discordaram da manifestação de Dodge e, em conjunto com os colegas, pediu desligamento da função.

Durante a gestão do procurador-geral Augusto Aras, Oliveira voltou a integrar o grupo da Lava-Jato na PGR. Como houve uma redução nas demandas envolvendo novas investigações, passou a ser menos demandado em seu trabalho em auxílio à PGR. Ao assumir o cargo de coordenador da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, ele pediu desligamento das suas funções de auxílio à PGR.

Alessandro Oliveira assume a Lava-Jato de Curitiba em um momento de embate da força-tarefa com a gestão de Aras, devido a um pedido da PGR para ter acesso aos bancos de dados sigilosos da operação. A renovação da força-tarefa deve ser decidida por Aras até o próximo dia 10 de setembro.

Procurador da República desde 2004 e membro da Procuradoria da República no Paraná desde 2012, Alessandro tem graduação em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Estado do Paraná. É mestre em direito das relações sociais pela UFPR e professor em disciplinas de direito penal, processual penal e persecução patrimonial.

O Globo