Covas desautoriza Doria sobre obrigatoriedade da vacina

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 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Quatro dias após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmar que a vacinação contra a covid-19 no Estado será obrigatória, o prefeito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, negou a necessidade da medida na capital. A questão entrou no centro do debate político, e ontem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em contraposição a Doria, voltou a dizer que a vacina não seria obrigatória.

“(Não há) nenhuma necessidade de tornar (a vacina) obrigatória”, afirmou Covas nesta terça-feira, 20, em entrevista à Rádio Eldorado. Segundo ele, a Prefeitura tem feito “campanhas de vacinação em que mais de 90% da população participa, se envolve”. Por isso, afirma, os paulistanos devem aderir à vacina sem que seja necessário torná-la obrigatória. “É o que acontece com outras vacinas, não tem nenhuma novidade”, disse.

Questionado se colocaria grupos da população para terem prioridade na vacinação, Covas afirmou que este tipo de decisão deve vir “no momento apropriado”, e disse que “não se sabe nem quando a vacina vai ser disponibilizada, quantos lotes vão ser disponibilizados”.

Durante a sabatina realizada pela Rádio Eldorado, o prefeito respondeu sobre temas como tarifa de transporte público, o futuro do PSDB, planos de urbanização da cidade e a polêmica em torno da proposta presente em seu plano de governo para um hospital exclusivo para moradores de rua – que, conforme mostrou o Estadão, é questionado por especialistas. Covas voltou a dizer que anunciou um “hospital referência”, e não “exclusivo”.

O prefeito também voltou a dizer que se baseia nas recomendações da Saúde para decidir sobre a retomada de aulas presenciais, e negou que medidas tomadas próximas às eleições tenham sido eleitoreiras.

O próximo prefeito de São Paulo poderá propor mudanças no atual Plano Diretor pela primeira vez desde que o projeto foi aprovado, em 2014. Sobre o tema, caso reeleito, Covas afirmou que “vamos ter um plano diretor que vai estimular o setor da construção e aproximar a população de seu trabalho, esta é a grande meta”.

Questionado por uma ouvinte sobre medidas que possam tornar o centro da cidade mais seguro, Covas afirmou que aposta no “fomento ao empreendedorismo” e na utilização dos espaços no período noturno e aos finais de semana para revitalizar a região.

“A estimativa da prefeitura é de que, entre imóveis subutilizados e infraestrutura pública subutilizada na região central de São Paulo, é possível mais 200 a 250 mil pessoas virem morar na região central, sem contar com novas construções”, disse ele.

Segundo Covas, a Câmara Municipal aprovou benefícios fiscais para quem investir e deixar aberto seu estabelecimento no período noturno e aos finais de semana na região do triângulo histórico da cidade. “É exatamente nessa linha de fomento ao empreendedorismo e à utilização desses espaços no período (noturno) e aos finais de semana que agente quer revitalizar a região central de São Paulo. A prefeitura vem investindo em infraestrutura, e o projeto do Anhangabaú é nessa direção.”

Segundo Covas, o subsídio da prefeitura aos transportes deve girar em torno de R$ 3 bilhões este ano, o que o prefeito atribuiu à diferença entre demanda e oferta durante a pandemia. “Tem algo em torno de menos de 60% da demanda de passageiros e cerca de 90% da oferta de ônibus, essa diferença fez com que o subsídio explodisse em 2020”, afirmou.

O prefeito não disse se isso deve ter impacto nas tarifas de transporte. “Ainda estamos aguardando o fim do ano, quando a gente vai ter mais previsões em relação à inflação do ano que vem. Este ano foi de crise econômica e social, e isso vai ter que ser levado em consideração na hora de revisar a tarifa. Então só no fim do ano, com o governo já eleito, é que vamos poder definir a questão tarifária para o ano que vem”, afirmou.

Questionado sobre mudanças nos subsídios após ter mencionado sua “explosão”, o prefeito disse que “a política vai existir, porque a cidade fez uma opção em relação a isenção a idosos e estudantes”. Segundo ele, porém, “o que não dá é deixar o subsídio explodir, chegando a R$ 3 bilhões”. “Nossa perspectiva é de que, já no ano que vem, a gente possa retomar o que foi orçado para 2020, que deveria chegar em torno de R$ 2 bilhões a R$ 2,3 bilhões, pra utilizar este quase R$ 1 bilhão em investimentos”, afirmou.

Covas negou que tenha pretensão de seguir o roteiro de João Doria, que em 2018 deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado. “Quero ser reeleito para cumprir mandato de 4 anos”, disse o prefeito. Apesar de ter desferido críticas ao governo federal durante sabatina do Estadão, Bruno Covas voltou a afirmar na entrevista à Rádio Eldorado que não trata “de questões nacionais ou estaduais nessas eleições.”

O prefeito admitiu que seu partido “perdeu conexão” com a sociedade, e que isso precisa ser reconquistado. Recentemente, ícones tucanos foram alvo de denúncias. “O futuro do meu partido tem que ser discutido independentemente das eleições”, afirmou. “A população, hoje, não entende o que pensa o PSDB, o que defende o partido, quais são suas bandeiras. As pessoas perderam a relação com o partido e isso preciso ser reconquistado”, afirmou Covas, que também defendeu o “resgate” de bandeiras como as privatizações.

Programação
As sabatinas da Rádio Eldorado tiveram início nesta segunda-feira, 19. Além de Covas, já foi entrevistado o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. As entrevistas duram 20 minutos, sempre a partir das 8h, e são comandadas por Carolina Ercolin, Haisem Abaki e jornalistas convidados do Estadão.

Todas as entrevistas são transmitidas em FM 107,3, no site radioleldorado.com.br e em facebook.com/radioeldorado.

Veja abaixo a lista dos entrevistados:

19.10 – Guilherme Boulos (PSOL)

20.10 – Bruno Covas (PSDB)

21.10 – Márcio França (PSB)

22.10 – Arthur do Val (Patriota)

23.10 – Celso Russomanno (Republicanos)

26.10 – Filipe Sabará (Novo)

27.10 – Joice Hasselmann (PSL)

28.10 – Jilmar Tatto (PT)

29.10 – Orlando Silva (PC do B)

30.10 – Andrea Matarazzo (PSD)

02.11 – Vera Lúcia (PSTU)

03.11 – Marina Helou (Rede)

04.11 – Levy Fidelix (PRTB)

05.11 – Antonio Carlos (PCO)

Estadão