Mulher de Moro quer que ele saia do país

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Foto: Edu Andrade/Estadão Conteúdo

O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro estuda a possibilidade de deixar o Brasil por uma temporada para lecionar em uma universidade nos Estados Unidos. A mulher do ex-ministro, a advogada Rosângela Moro, é uma entusiasta da ideia.

Segundo interlocutores, ela avalia que Moro sofreu desgaste pessoal muito grande com a Lava-Jato e, posteriormente, durante o período em que integrou o governo Bolsonaro. De acordo com um amigo da família, a advogada nutriria ressentimento por Bolsonaro, que na visão dela teria usado Moro para fins políticos.

Moro já disse a pessoas próximas que se decepcionou com Bolsonaro – apesar de negar veementemente quando é indagado se houve arrependimento em aceitar o cargo de ministro e renunciar a uma carreira de duas décadas na magistratura.

Ele demitiu-se do cargo de ministro da Justiça atirando. Moro atribuiu ao presidente uma suposta interferência na Polícia Federal (PF) para proteger familiares e amigos. O caso tornou-se uma investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Poucos dias após deixar o governo, Moro recebeu convite para lecionar como professor convidado em uma prestigiada universidade americana. O ex-ministro declinou. Naquela época, meados de maio, o ex-magistrado, que foi responsável pela maior investigação de combate à corrupção da história do Brasil, ainda ponderava sobre a possibilidade de ingressar na política.

O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) tentou convencê-lo a filiar-se ao partido, para uma eventual candidatura a presidente. Moro acabou por dizer não a Dias e a pelo menos outros dois partidos.

O fracasso no governo, associado à série de notícias sobre supostas irregularidades na condução da Lava-Jato pela força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, acabaram por minguar parte do prestígio do ex-juiz.

Ele começou a trabalhar como professor no Centro Universitário de Brasília (Uniceub) em agosto, inicialmente com aulas ministradas à distância às terças-feiras. Mas os convites para palestras virtuais deixaram de acontecer. Em junho, a faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires cancelou evento virtual que teria Moro como principal orador. A divulgação do evento na internet gerou uma série de reações negativas de lideranças políticas ligadas à esquerda Argentina. Lecionar nos Estados Unidos depende da obtenção de um visto permanente. E também do fim do inquérito no STF em que é testemunha.

Valor Econômico