Venezuela se nega a obedecer gestão da UE sobre eleições

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 Foto: DON EMMERT/AFP

O governo de Nicolás Maduro chamou, nesta quinta-feira, de “inadmissível” o pedido da União Europeia para adiar as eleições legislativas previstas para o dia 6 de dezembro na Venezuela, que serão boicotadas pelos principais partidos políticos de oposição. Um dia antes, a missão diplomática enviada pela UE ao país anunciou que continua convencida de que não será possível mandar uma equipe de observação eleitoral a tempo do pleito.

“Diante do convite de se juntar ao processo de observação, é lamentável que a União Europeia responda com uma lista de condições (…), em um ato inadmissível que não corresponde ao espírito do convite feito, nem ao bom ambiente que se desenvolveu nos últimos meses na relação com o governo da Venezuela”, diz um comunicado que ratifica a data da votação para renovar a Assembleia Nacional.

“O Estado venezuelano não admitirá interferências” ou “tutelas externas”, acrescenta o documento divulgado pelo ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, que pede à União Europeia que se “limite a cumprir um positivo e respeitoso papel de facilitação”.

Na quarta-feira, após cinco dias da visita de dois enviados da UE a Caracas, o bloco reiterou seu pedido de atrasar as eleições em seis meses. Bruxelas considera que, no atual formato e na data prevista, a votação para a Assembleia Nacional não terá qualquer reconhecimento internacional, ajudando a isolar ainda mais o país e potencialmente agravando a crise humanitária em curso.

“Sem um adiamento e uma melhora das condições democráticas e eleitorais, a UE não pode contemplar o envio de uma missão de observação eleitoral”, diz a nota.

Na mesma linha, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, antes favorável à participação no processo eleitoral, pediu seu adiamento na noite de quarta-feira, pressionando ainda mais o governo.

— Essa eleição tem que ser adiada e exigimos que seja adiada — disse Capriles, que passou meses negociando nos bastidores uma saída para a crise. — Existe uma possibilidade: transferir a eleição. Por que não fazer? Porque existe um cálculo político. Porque não convém a ninguém do partido no poder.

Os delegados europeus se reuniram com representantes de Maduro e líderes opositores, entre eles Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, entre eles o Brasil. Cerca de 30 partidos opositores, entre eles o de Guaidó, anunciaram sua rejeição a participar de uma eleição que descrevem como uma “farsa”, rachando a oposição.

No final de junho, entre tensões por sanções da União Europeia, Maduro ordenou a expulsão da embaixadora do bloco na Venezuela, Isabel Brilhante Pedrosa, mas acabou reconsiderando sua decisão com a promessa de manter um diálogo.

O Globo