Grandes empresários rejeitam Boulos

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Foto: Ronaldo Silva / Futura Press

Alçado à condição de líder nacional da esquerda com a passagem ao segundo turno da eleição municipal de São Paulo, o candidato a prefeito Guilherme Boulos (Psol) enfrenta grande resistência nos segmentos da construção civil, indústria e comércio – que o veem como um político radical.

O setor mais refratário a Boulos é o da construção civil. Segundo um empresário ligado ao Sindicato da Habitação de São Paulo, o Secovi, “é consenso” no setor qualificar o candidato do Psol como alguém que não respeita o direito à propriedade. “A gente tem que fazer alguma coisa, um movimento. Não tem condição”, disse esse empresário, sem especificar o que queria propor, ao ser perguntando sobre a hipótese de vitória do Psol em São Paulo.

Representantes de indústria e comércio ouvidos pelo Valor consideram Boulos um extremista com roupagem moderada e o comparam à figura de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, quando o petista foi derrotado na eleição presidencial por Fernando Collor, então filiado ao obscuro e hoje extinto PRN.

Segundo conselheiros da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o discurso anti-privatista de Boulos é preocupante e deixaria nas entrelinhas a intenção de dar uma guinada estatista ao município, abandonando iniciativas celebradas pelo empresariado, como as parcerias público-privadas.

Um desses conselheiros, que pede reserva a seu nome e assinala que a ACSP tem uma posição institucional e não escolhe candidato, afirmou à reportagem que jamais votaria em Boulos ou recomendaria a seus familiares e amigos que o fizessem.

Ele o vê como um radical ligado à extrema esquerda e diz que a eventual eleição de Boulos provoca temor, porque representaria um “cavalo de pau” na administração municipal paulistana. Boulos, um dos candidatos a prefeito convidados a palestrar na ACSP, esteve na entidade, em um encontro sem nenhum incidente. O candidato do Psol, contudo, não compareceu ao Secovi. O encontro chegou a ser marcado, mas foi cancelado sucessivamente por problemas de agenda do candidato.

Para dois integrantes do conselho da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a eleição de Boulos representaria um retrocesso em São Paulo. Ambos avaliam que o atual governo do PSDB, assumido por Bruno Covas em 2016 com a saída de João Doria para concorrer ao Estado, tem problemas de gestão e pontos que “deixam a desejar”, e consideram que houve demora e erros na tomada de decisões envolvendo a pandemia da covid-19, por exemplo.

Um desses conselheiros enxerga em Boulos um político que tende a amadurecer e recuar do discurso extremista com um passo em direção ao centro. No entanto, avalia que o candidato ainda é muito jovem e não tem experiência em cargo no Executivo. Esse empresário vinculado à Fiesp também acredita que Boulos não tenha reais pretensões de se eleger prefeito. Na opinião dele, o candidato ganha mais politicamente liderando a esquerda do que chegando à prefeitura. Por essa lógica, Boulos tenderia a acumular mais dividendos políticos perdendo a eleição e recebendo votação expressiva – ascendendo imediatamente à condição de presidenciável em 2022 – do que passando pelo desgaste do cargo municipal.

Ele faz comparação ao caso do ex-prefeito do PT Fernando Haddad, que não se reelegeu e somente se habilitou a concorrer a presidente para ocupar a lacuna deixada por Lula – impedido de concorrer ao cargo por causa da condenação criminal na Lava-Jato.

Boulos não foi convidado a visitar a Fiesp. Já no mercado financeiro Boulos é visto com mais tranquilidade. Ainda que ele defenda o aumento do Imposto Sobre Serviços (ISS) para os bancos. Na opinião de um banqueiro de São Paulo ouvido pela reportagem, Boulos é o sucessor legítimo de Lula como líder da esquerda brasileira. Na avaliação dele, o candidato do Psol já fez um movimento para o centro, ainda que de maneira tímida, e deixou para trás o discurso inflamado e a atitude intransigente de quando liderava invasões de edifícios abandonados.

O banqueiro esclarece que não simpatiza com as ideias de Boulos, mas aposta que o hoje candidato a prefeito acabará por se converter em um político de centro-esquerda. Ele disse também que não houve tentativa de aproximação de Boulos com o mercado financeiro, até agora. Por outro lado, assinala que Boulos “ainda não é um tema” para o mercado, porque postula a Prefeitura de São Paulo, e não a Presidência da República.

A assessoria de Boulos emitiu uma manifestação sobre o assunto. “Dialogamos de maneira democrática e transparente com todos os setores sociais, inclusive o empresarial, como o fizemos, por exemplo, na reunião mencionada com representantes da Associação Comercial de São Paulo e em conversa com dirigentes da Associação Paulista de Supermercados. Temos, além disso, propostas concretas que respondem diretamente aos anseios do setor, como a Renda Solidária, que irá gerar demanda e fomentar a economia da cidade, e a isenção de IPTU para pequenas empresas durante o pós-pandemia. Estamos certos, por isso, que governaremos a maior cidade da América Latina a partir de primeiro de janeiro de 2021.”

Valor Econômico

 

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