Ciro dificulta união da esquerda
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Embalado pelas vitórias conjuntas de seu partido, o PDT, e o PSB nas eleições municipais, o ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a Presidência em 2018, não se demonstra aberto a iniciar um a amplo diálogo com a esquerda para a construção de alternativas nacionais em 2022. Ciro pende mais ao diálogo com o centro e reforçou o isolamento do PT. Ao mesmo tempo, ao analisar o resultado do pleito, lideranças da esquerda passaram a enfatizar que é urgente começar a aparar desde já as diferenças na centro-esquerda se quiserem ter competitividade eleitoral.
Além da postura de Ciro, o resultado do pleito no Recife é outra enorme pedra no sapato para a centro-esquerda tentar uma unidade que possa ter resultados mais concretos na disputa eleitoral de 2022. As pontes de diálogo entre o PSB e o PT, ao menos temporariamente, estão minadas. O PSB conseguiu manter o poder na capital pernambucana, com a derrota que João Campos impôs à petista Marília Arraes, mas como definiu um integrante do PT, “ali a disputa não foi bonita”.
Na visão de Ciro, o eleitor, no domingo, deu dois recados: “Mandou brigar lá fora o lulopetismo e o bolsonarismo boçal. Foi um grande voto ao centro. Centro-esquerda, centro-direita”, afirmou, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na “Rádio Bandeirantes”. O ex-candidato à Presidência enfatizou que a vitória de José Sarto (PDT) em Fortaleza, derrotando o bolsonarista Capitão Wagner (Pros), foi um “levante da sociedade civil”.
Ainda assim, o levante cearense, que reuniu o PT e figuras tucanas tradicionais no Estado, como o ex-governador Tasso Jereissati, venceu com margem apertada: 51,69% a 48,31%. Ainda que avalie que a disputa local é pautada por questões cotidianas e respostas eficazes de gestão, Ciro admitiu que os brasileiros, nas cidades maiores, tinham uma segunda razão para o voto – essa, aí sim, relacionada ao “alinhamento ideológico, pra cá ou acolá”.
Ciro Gomes fez questão de pontuar que em São Paulo o candidato do PT terminou em sexto lugar na disputa, no Rio em quarto, e em Belo Horizonte um resultado medíocre inferior a 2%. O PDT, lembrou, fez aliança com o vitorioso Alexandre Kalil (PSD) em Minas, e com o candidato de ACM Neto (DEM), Bruno Reis, em Salvador.
O cearense criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB). Sobre o tucano, disse que quem ganhou em São Paulo foi Bruno Covas, que tirou Doria da campanha. Em relação ao comunista, afirmou que lhe falta “noção da real” ao aparecer no domingo para votar com uma camiseta com os dizeres “Lula Livre”.
Ciro Gomes se mostra disposto a liderar um projeto de aliança “do centro à esquerda”, mas avisa: “sem essa conversa mole do esquerdismo infantil e sem essa picaretagem de lacrar na internet e deixar o Brasil ir para o brejo”. A aliança que o Brasil precisa fazer, definiu, seria com o “centro respeitável” sem “a direita podre”. “Temos que tirar essa gente, fazer uma limpeza na vida política brasileira com gente experiente, com capacidade de dialogar.”
Atacado por Ciro, o governador Flavio Dino disse em post no Twitter que não o responderia, pois quer dar uma contribuição para que o “campo nacional popular caminhe unido”. “Não me cabe acirrar conflitos desnecessários”, disse Dino. A visão do maranhense sobre o pleito é bastante ácida. Dino reconhece que a força do bolsonarismo é declinante, mas as clivagens à direita se fortaleceram e mostraram capacidade de união superior à da esquerda.
Em entrevista ao UOL, Dino disse que enxerga dois polos se formando na esquerda e, caso eles não se unam antes de 2022, esse campo político poderá ficar fora do segundo turno. PT, Psol, PCdoB, PDT e PSB, na visão do governador, precisam estar unificados. “Temos dois eixos que devem se conformar na esquerda. Se esses dois eixos não se juntam, fica muito difícil ganhar [eleições]”, definiu o governador. Ainda tentando digerir derrotas importantes, dirigentes do PT afirmam que o diálogo não pode ser interditado.
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