Revista de medicina diz que Trump fez a cabeça de Bolsonaro

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Foto: MANDEL NGAN / AFP

Aos menos 40% das mortes causadas pelo novo coronavírus nos Estados Unidos poderiam ter sido evitadas, aponta um relatório da prestigiada revista científica Lancet publicado nesta quinta-feira. Elaborado por uma comissão que avaliou as políticas públicas durante o governo de Donald Trump, o documento afirma que as falhas na gestão do republicano agravaram a pandemia no país, aprofundaram ainda mais as desigualdades e influenciaram outros líderes mundiais, como o presidente Jair Bolsonaro.

O texto afirma que, caso os Estados Unidos tivessem mantido uma taxa de mortalidade similar à média das outras nações que fazem parte do G7, o país não teria chegado ao ponto que chegou, sendo hoje o que tem o maior número absoluto de mortos e infecções pela Covid-19. Ao todo, os Estados Unidos acumulam mais de 471 mil mortes e 27 milhões de casos confirmados do coronavírus — o equivalente a 20% e 25% dos números globais, respectivamente.

Embora o relatório da Comissão sobre Políticas Públicas e Saúde na Era Trump explique que a expectativa de vida no país já estava em declínio antes da posse do ex-presidente, o texto afirma que o governo do republicano aprofundou desigualdades sociais e problemas já existentes, tornando-o mais vulnerável à pandemia. De acordo com o relatório, a expectativa de vida nos EUA era, em 2018, 3,4 anos menor do que a média de Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido

A situação se agravou ainda mais com a atuação de Trump na pandemia, que minou os esforços para conter o avanço do vírus. O resultado, segundo o relatório, foi o alto número de mortes que poderiam ter sido evitadas.

“Em vez de mobilizar a população dos EUA para lutar contra a pandemia, o presidente Trump rejeitou publicamente sua ameaça (apesar de reconhecê-la em conversas particulares), desencorajou ações à medida que a infecção se espalhava e se absteve da cooperação internacional. Sua recusa em desenvolver uma estratégia nacional agravou a escassez de equipamentos de proteção individual e testes de diagnóstico. O presidente Trump politizou o uso de máscaras e a reabertura de escolas e convocou eventos com a presença de milhares, onde as máscaras foram desencorajadas e o distanciamento físico era impossível”, diz o texto.

Ao longo do ano passado, Trump por diversas vezes minimizou a gravidade da pandemia e disseminou informações falsas sobre o vírus. Ele também incentivou o uso de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina, e chegou a até sugerir que as pessoas injetassem em si desinfetante para matar o coronavírus.

O relatório não só aponta as falhas do governo Trump no combate à pandemia, mas ao longo de toda a gestão, de 2017 até agora. O texto critica as políticas do ex-presidente desde as detenções em massa de imigrantes irregulares ao corte de subsídios alimentares e no sistema de saúde, passando pelas nomeações do republicano à Suprema Corte americana, com nomes que rejeitam ações afirmativas e direitos reprodutivos, trabalhistas, civis e de voto.

A comissão aponta que essas medidas fizeram com que negros, indígenas e latinos fossem mais afetados pela pandemia, aumentando ainda mais a desigualdade social nos EUA. Além disso, também o combate a outras doenças além da Covid-19 foi prejudicado: “O desprezo pela ciência e cortes nos programas globais de saúde e agências de saúde pública impediram a resposta à pandemia Covid-19, causando dezenas de milhares de mortes desnecessárias e pondo em risco avanços contra o HIV e outras doenças”.

O relatório da Lancet é enfático ao criticar Trump, afirmando que o governo do republicano “trouxe desgraça aos Estados Unidos e ao planeta”. O texto continua: “Só em 2020, ele acelerou a disseminação da Covid-19 nos EUA, abandonou a OMS [Organização Mundial de Saúde] quando o mundo mais precisava e respondeu aos protestos pacíficos contra o racismo policial inflamando o ódio e liberando a força militar e a violência vigilante que posteriormente mobilizou” para a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro deste ano.

A comissão, no entanto, ressalta que as políticas de Trump não são “uma aberração isolada nos Estados Unidos”. Segundo o relatório, a forma como o ex-presidente conduziu o país influenciou líderes autoritários ao redor do mundo — entre eles, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

“As agendas autoritárias estão se espalhando em todo o mundo, à medida que os políticos mobilizam as pessoas inseguras com suas perspectivas de declínio para ir contra aqueles que estão abaixo deles em hierarquias raciais, religiosas ou sociais. Líderes com agendas semelhantes às de Trump já dominam em muitos lugares — por exemplo, Turquia, Índia, Hungria, Filipinas e Brasil. Em muitos outros países, esses líderes estão ganhando influência”, diz o relatório.

Bolsonaro também é citado no relatório por ter sido influenciado pelas políticas ambientais de Trump. De acordo com o texto, a posição americana encorajou o governo brasileiro a adotar uma conduta que agrava as mudanças climáticas.

“A postura dos EUA encorajou políticas que prejudicam o clima em outras nações. Por exemplo, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro está adotando políticas que aceleram a destruição da Floresta Amazônica e irão acelerar as mudanças climáticas”, ressalta.

A Comissão sobre Políticas Públicas e Saúde na Era Trump da revista Lancet foi criada em abril de 2017, pouco depois da posse de Trump. Ela é composta por 33 especialistas de EUA, Reino Unido e Canadá, cuja expertise vai da área médica e de saúde pública ao direito, economia e política.

O Globo 

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