Sociedade se atira em guerra de categorias por vacina

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Foto: Carl de Souza/AFP

Desde antes do início da imunização contra a Covid-19, várias categorias tentam entrar na lista de prioridades do plano de vacinação. Com a chegada das primeiras doses, o lobby ganhou força e o número de pedidos para passar na frente da fila se intensificou. Os requerimentos são feitos por meio de oficios encaminhados ao Ministério da Saúde ou aos governos locais, que têm liberdade para decidir a ordem de imunização.

No plano atual do Ministério da Saúde, 77,2 milhões de pessoas, mais de um terço dos brasileiros, já integram grupos prioritários. São 27 categorias, que vão desde os primeiros grupos definidos (idosos, agentes de saúde da linha de frente e pessoas com comorbidade) a caminhoneiros, motoristas do transporte coletivo e membros das Forças Armadas, incluídos em atualização feita pelo governo Jair Bolsonaro no dia 28 de janeiro.

O lobby para a inclusão de novas categorias geralmente é feito por meio de suas entidades representativas. A Federação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), por exemplo, enviou ofícios ao Ministério da Saúde, à Secretaria Especial de Previdência Social e ao INSS pedindo a inclusão dessas categorias nos grupos prioritários da vacinação. O INSS e a Associação de Médicos Peritos também encaminharam à pasta um pedido semelhante.

A justificativa de ambas as entidades é que os servidores ocupam funções de atendimento ao público essenciais. A Associação de Médicos Peritos afirma que há servidores do grupo de risco que estão trabalhando desde a abertura parcial das agências do INSS, em setembro de 2020. Já o órgão frisou em seu requerimento que faz atendimentos principalmente de idosos, que somam quase 75% dos segurados. “Pela execução do seu trabalho e pelo público que atende, o servidor que atua no atendimento está exposto diretamente ao risco de contágio e atendendo o grupo de risco”, diz o ofício do INSS, que tem 23.911 servidores.

O Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) pede a vacinação dos coveiros, que ficam expostos ao vírus durante o sepultamento das vitimas da Covid-19. Em Campina Grande (PB), funcionários de funerárias já conseguiram ser imunizados. Coveiros e profissionais que lidam com cadáveres contaminados também estão recebendo a vacina no Rio de Janeiro. No total, sindicatos e entidades da categoria encaminharam oficios às secretarias de Saúde de pelo menos dez estados.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também orientou os sindicatos a procurarem os governos estaduais para pedir a inclusão da categoria.

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, recebeu, ainda em dezembro, membros da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que pediram a vacinação dos trabalhadores do setor. A entidade também ofereceu os supermercados para aplicação das doses. Outro a recorrer diretamente ao Planalto foi um órgão vinculado ao Ministério de Minas Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que foi até a pasta da Saúde para requisitar a vacinação dos seus funcionários.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Mato Grosso do Sul (Abrasel) também quer entrar no plano de vacinação local. A entidade formalizou ainda um pedido ao senador Nelsinho Trad (PSD-MS) justificando que a atividade do setor é fundamental para a economia. Segundo o presidente da Abrasel no estado, Juliano Wertheimer, “bares e restaurantes são os mais atingidos pela crise, estão há mais de dez meses sem poder trabalhar direito, por isso, consideramos essa proposta muito importante e solicitamos a ele que inclua todos que trabalham em bares e restaurantes”. A associação quer garçons, cozinheiros, ajudantes de cozinha, equipe de limpeza, caixas, bartenders e todos os outros funcionários no grupo prioritário para receber a vacina.

Mais uma organização que quer receber doses do imunizante contra Covid-19 antecipadamente é a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Requerimentos para a vacinação de bancários foram enviados a prefeitos, governadores e ao governo federal. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), defende que os funcionários que trabalham diretamente com o auxílio emergencial entrem na lista de prioridades, caso o benefício volte a ser pago. O parlamentar pediu a entidades do setor um levantamento de quantas pessoas teriam que receber a vacina nesse cenário. “Não tem como negar que os bancários que trabalham na ponta, especialmente na Caixa Econômica Federal, correm risco por causa do contato direto com milhares, até mesmo milhões, de pessoas”, ressaltou Ramos. O deputado federal Ricardo Silva (PSB-SP) também defende a classe e apresentou, em dezembro, um pedido ao Ministério da Saúde.

Outros parlamentarem pediram prioridade a grupos específicos. O deputado Célio Studart (PV-CE), em dezembro, apresentou um projeto de lei para incluir agentes de segurança pública, pessoas com deficiência e seus tutores, profissionais de transporte público e mulheres chefes de famílias monoparentais. Luiz Carlos Motta (PL-SP) pediu para os trabalhadores do comércio estarem entre os primeiros a receber doses. O Sindicato dos Empregados no Comércio argumenta que os funcionários do setor têm contato direto com centenas de pessoas de todas as idades.

Em São Paulo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi à Justiça para tentar antecipar a imunização da população em situação de rua na cidade. Apesar de já estar entre o grupo prioritário no plano de vacinação nacional, não há uma data estabelecida para a aplicação das doses. Segundo a ação protocolada, “na rua, sem possibilidade de ter os devidos cuidados com higiene e sem os meios adequados para se tratar quando contrai alguma doença infectocontagiosa, como a Covid-19, a possibilidade de desenvolver formas mais graves da doença e, possivelmente, morrer é muito maior”. O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, cobrou urgência na decisão de autoridades.

A Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) quer a imunização de pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Até o momento, o plano de vacinação contempla como prioridade apenas as pessoas com deficiência permanentemente grave e aquelas que vivem em lares inclusivos. A deputada Rejane Dias (PT-PI) também atua na Câmara para antecipar a imunização de pessoas com deficiência.

Já a Aliança Nacional LGBTI+ pede também que pessoas com HIV recebam a dose antes. Para a entidade, a vacinação contra Covid-19 deve seguir a da gripe, na qual o grupo é prioritário, já que o vírus pode agravar quadros de pacientes com baixa imunidade.

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