País continua em recessão

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Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

O ano de 2020 marcou o fim de uma década que foi a pior para a economia brasileira desde 1901. Só no ano passado, o tombo do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país) ficou em 4,1% e foi o terceiro pior da série histórica iniciada em 1901. O tombo do PIB fez a renda per capita brasileira recuar ao menor patamar da série histórica do IBGE, iniciada em 1996.

Mas, ainda assim, no quarto trimestre, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE, o PIB avançou 3,2% frente ao terceiro trimestre, quando havia crescido um recorde de 7,7%. Então, afinal de contas, o que é uma recessão?

Não há uma definição única para o termo entre os economistas. Por convenção, quando o PIB registra dois trimestres seguidos de variação negativa, na comparação com os três meses anteriores, classifica-se uma economia como em “recessão técnica”.

Mas será que a saída da recessão técnica no terceiro trimestre e o avanço do PIB no quarto trimestre são de fato suficientes para afirmar que a crise terminou?

Os especialistas afirmam que não.

Economistas explicam que os impactos da pandemia da Covid-19 ainda não foram superados, e, por isso, o ciclo recessivo atual ainda não está perto de chegar ao fim. Além disso, há riscos de uma nova recessão técnica no primeiro semestre de 2021.

“Recuperação da atividade econômica depende de um cronograma de vacinação mais avançado” JOÃO VICTOR ESSLER
Professor da EPGE/FGV

Se a recessão técnica é apenas uma classificação numérica (duas quedas consecutivas do PIB), é preciso considerar outros indicadores para definir que a economia entrou num ciclo recessivo.

O conceito de recessão, portanto, leva em conta um conjunto bem mais amplo do que a mera variação numérica do PIB, como o emprego e renda da população e atividade econômica de diferentes setores. No Brasil, Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getulio Vargas faz este acompanhamento.

O Codace anunciou, em junho do ano passado, que a economia brasileira já havia entrado em novo ciclo recessivo no primeiro trimestre de 2020 (ou seja, antes mesmo do agravamento da crise provocada pela Covid), dado a queda forte, rápida e generalizada da atividade econômica.

João Victor Essler, professor da EPGE/FGV e membro do Codace, cita alguns dos indicadores utilizados pelo comitê:

— Analisamos uma grande quantidade de séries econômicas ligadas à atividade do país e isso envolve indicadores de produção, emprego, renda e consumo. Seguimos uma metodologia internacional que está em uso há cem anos, que começou nos Estados Unidos com o NBER (um dos mais antigos e tradicionais institutos de pesquisa econômica independente).

Por que não basta o PIB voltar a crescer para que o país saia do ciclo recessivo?
Silvio Campos Neto, economista de Tendências, explica que é preciso olhar para o tamanho da recuperação em relação à queda iniciada no começo do atual ciclo recessivo, além de outros indicadores.

Ele lembra que os impactos da pandemia permanecem limitando a capacidade de plena recuperação da atividade econômica. Sendo assim, de forma imediata, o quadro sanitário não permite que o setor de serviços, segmento mais representativo do PIB brasileiro, avance:

— O crescimento do terceiro trimestre recuperou apenas uma parte das perdas registradas nos dois trimestres anteirores, e assim deve acontecer no quarto trimestre de 2020. Vamos recuperar algo que foi perdido, mas o cenário para 2021 é muito delicado. Começamos o ano com efeitos negativos da pandemia e o fim de alguns auxílios, especialmente para o emergencial que deverá ser menos abrangente, além do próprio fator do mercado de trabalho — explica Neto.

Ele chama atenção para os indicadores de desemprego e ocupação para a plena recuperação e saída do ciclo recessivo:

— A ocupação de formais e informais ainda tem um espaço muito grande de perdas geradas pela pandemia. Uma recuperação plena da atividade econômica, com percepção de que realmente o país saiu da sua fase mais crítica vai depender da melhora do mercado de trabalho a partir da superação da pandemia. É o emprego que vai fornecer suporte efetivo para a continuidade da recuperação — avalia.

Essler lembra que ainda estamos longe do patamar do PIB alcançado em dezembro de 2019, antes de ser datado, pelo Codace, o fim de uma expansão econômica e o início de um novo ciclo de recessão.

— Seria preciso que as atividades econômicas estivessem em sincronia, crescendo. E para o Brasil voltar ao mesmo patamar de 2019, o PIB teria que crescer aproximadamente 4,3% no quarto trimestre de 2020. Mas ainda estamos recuperando a atividade econômica, que depende muito de um cronograma de vacinação mais avançado — pontua.

Há riscos de recessão técnica no primeiro semestre de 2021?
Essler explica que as incertezas em relação ao ritmo do crescimento econômico no primeiro trimestre de 2021 trazem possibilidades de uma nova recessão técnica, mas que, na prática, ela configura uma continuidade da recessão atual.

A piora da pandemia e a manutenção de indicadores como os de emprego e consumo ainda com resultados ruins indicam que a economia tende a demorar a se recuperar. Por enquanto, o Codace não determinou a saída do atual ciclo recessivo.

— Podemos ter o fenômeno de recuperação do terceiro e quarto trimestre de 2020, mas esse resultado pode ser pontual e específico de algumas séries e não um movimento generalizado de recuperação da economia brasileira — explica Essler, que afirma que não será fácil fazer afirmações sobre o fim da atual recessão sem saber o desempenho da economia em 2021:

— Se tivermos novas quedas nos próximos trimestres, do ponto de vista econômico, estaremos no mesmo processo (de recessão). Isso significa que a recuperação não foi grande o suficiente para se sustentar.

O Globo

 

 

 

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