Ex-presidente do BC diz que vacinação pífia já afeta o PIB

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Foto: Marcelo Pereira / FOTOKA / Divulgação

Em entrevista exclusiva à ÉPOCA, Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do conselho do banco Credit Suisse no Brasil, afirma que caso a situação na área da saúde continue a se deteriorar, a economia não vai se recuperar no segundo semestre.

1. Quais são os impactos econômicos e sociais da lentidão da vacinação?

Nesse caso, não há uma separação da economia e da saúde. O custo em termos econômicos é brutal, em termos de vidas também. Há previsões de óbitos que chegam a 500 mil. O ritmo lento da vacinação está reduzindo as expectativas de crescimento do PIB, de estabilidade fiscal, e tem impacto na inflação e nos juros.

2. O presidente Jair Bolsonaro continua falando contra medidas de distanciamento social. Qual é o preço que pagamos pela visão negacionista?

A percepção da falta de bom senso e de não seguir a ciência em termos da gestão da pandemia gerou problemas. Além dos efeitos econômicos, gerou uma percepção de falta de liderança. Em momentos de crise grave, você precisa de uma liderança não só para coordenar, mas para não trabalhar contra. É complicado você pedir isolamento social, porque isso custa a renda das pessoas, mas a renda a gente pode repor, a vida não. Usar máscara é algo difícil, não é natural, a gente precisa falar nas famílias, nas empresas. Se o exemplo (do presidente) é não usar a máscara, fica pior ainda. Neste momento, a gente deveria estar andando para o outro lado, de não só usar máscaras, mas distribuir máscaras boas, N95, Pff2. Distribuir é barato perto do resto que você tem de fazer. Você não tem de discutir se a vacina vem da China, se é daqui ou de lá. Tem de perceber a pandemia como uma crise humanitária das mais graves e negociar com essa cabeça. E o Brasil, de fato, só negociou quando houve uma pressão generalizada.

3. O quadro fiscal é de um endividamento alto, e a pandemia pode demandar mais ajuda social. Como resolver essa questão?

Como o dever de casa de ter vacinação em tempo hábil não foi feito, há uma obrigação de proteger os mais vulneráveis. Muita gente diz: “Protege e esquece o resto”. O resto é o nosso futuro. A dívida pública não está na mão do estrangeiro, está na de brasileiros, de quem poupou ao longo da vida, tem um fundo, um saldo em conta. Isso é o futuro da classe média. Por outro lado, você está ameaçando a vida dos que não conseguem se proteger neste momento de isolamento. Não é uma equação fácil.

4. Qual é a solução?

A gente sabia qual era: levar a pandemia a sério e fazer escolhas difíceis, proteger os vulneráveis, proteger os empregos, mas cortar (gastos) em outro lugar. A gente tem falado em fazer reforma tributária, melhorar a educação, a gente insiste na abertura da economia para ter mais competição, tudo isso é válido. Mas, no momento, a gente precisa ser capaz de diminuir as incertezas, os conflitos.

Época

 

 

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