Indução ao uso de cloroquina deve complicar Bolsonaro e Pazuello

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Foto: Editoria de Arte

Após três meses de investigações, o Ministério Público Federal (MPF) abriu, na quarta-feira, um processo contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e outros cinco por omissão no colapso do sistema de Saúde do Amazonas. O GLOBO obteve acesso a parte dos milhares de documentos coletados e produzidos pelo MPF durante a apuração e encontrou aqueles que, segundo os procuradores, remontam o “quebra-cabeças” que mostraria como governo federal foi omisso e lento ao responder à tragédia no Amazonas.

Falta de Oxigênio

7/01/21: Aviso a Pazuello
Ofício da Secretaria de Saúde do Amazonas indica que, no dia 7 de janeiro, o órgão fez contato com o então ministro Eduardo Pazuello, por telefone, para avisar que a fabricante de oxigênio hospitalar, White Martins, havia relatado dificuldades em atender à demanda crescente pelo produto. Segue imagem do trecho do ofício:

Ofício da Secretaria de Saúde avisa que a fabricante de oxigênio havia relatado dificuldades em atender à demanda Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

14/01/21: Ministério, enfim, procura fornecedores

Apesar de ter sido informado do problema no dia 7 de janeiro, procuradores constataram que o Ministério da Saúde só procurou outros fornecedores do produto após o colapso registrado no dia 14 de janeiro.

Ministério da Saúde só procurou outros fornecedores de oxigênio após o colapso em Manaus Foto: Reprodução

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Lentidão na resposta

28/12/2020: Casos crescem, mas viagem fica para depois
Ministério da Saúde faz reunião com integrantes do governo do Amazonas e é informado da situação crítica em Manaus. Pasta decide enviar comitiva de “avaliação” apenas no dia 3 de janeiro, seis dias depois. Justificativa era a troca de gestores municipais.

Ministério da Saúde faz reunião com integrantes do governo do Amazonas e é informado da situação crítica em Manaus Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

4/01/2021: Colapso iminente

Ministério se reúne com o governador, Wilson Lima, o prefeito de Manaus, Davi Almeida, e com secretários de Saúde de Manaus e do Amazonas. Na reunião, pasta é informada de que a previsão de colapso seria em 10 dias (14 de janeiro), da falta de leitos, da dificuldade de aquisição de insumos e contratação de pessoal e a estimativa era de um aumento substancial na pressão sobre o sistema de saúde entre os dias 11 e 15 de janeiro.

Ministério se reúne com o governador, Wilson Lima, o prefeito de Manaus, Davi Almeida, e com secretários de Saúde de Manaus e do Amazonas Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

Disseminação de tratamentos ineficazes

6/01/21 a 16/01/21: Ministério insiste em tratamentos sem eficácia

Documento do Ministério da Saúde com a lista de ações emergenciais tomadas entre o dia 6 e 16 de janeiro cita a disponibilização da plataforma “TrateCov Brasil” como uma das medidas adotadas. O aplicativo era destinado a auxiliar médicos no diagnóstico de Covid-19 e sugerir a conduta a ser adotada pelos profissionais. Uma simulação feita pelo GLOBO à época mostrou que a plataforma orientava o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, entre outros medicamentos, para pessoas com perfis e sintomas diferentes, de bebês a adultos. O app foi tirado do ar após o tema vir a público.

A plataforma foi uma iniciativa da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), chefiada por Mayra Pinheiro, que também é alvo da ação do MPF. A secretária é conhecida nos corredores do Ministério da Saúde como “capitã cloroquina” por sua defesa do medicamento sem eficácia comprovada contra a doença.

Documentos reunidos pelo MPF mostram que a pasta via no TrateCov Brasil uma de suas principais estratégias para “conferir maior precocidade no diagnóstico e tratamento da Covid-19”. No relatório, a pasta cita ainda que “foi sugeria atuação em várias frentes: educação sanitária da população e/ou introdução de diagnóstico e tratamento precoce”.

Documento do Ministério da Saúde lista ações emergenciais tomadas entre o dia 6 e 16 de janeiro em Manaus Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

7/01/21: ‘Tratamento precoce em Manaus’

Segundo informação da secretaria municipal de Saúde de Manaus, no dia 7 de janeiro o Ministério da Saúde pediu autorização para visitar Unidades Básicas de saúde para “difundir a adoção do tratamento precoce”. Embora a secretaria afirme que não houve resposta ao pedido, entre 11 e 12 de janeiro, às vésperas do colapso de oxigênio no Amazonas, equipes da pasta visitaram 13 unidades de saúde para incentivar a prática.

Ainda que o ministro Pazuello tenha afirmado em coletivas que nunca recomendou medicamentos específicos para Covid-19 e tampouco autorizou o órgão a fazê-lo, em maio de 2020, logo após Pazuello assumir a pasta, uma nota do Ministério informava que entre os medicamentos orientados para o tratamento precoce de pacientes com a doença estavam a cloroquina e a hidroxicloroquina, além do antibiótico azitromicina.

Segundo secretaria de Saúde de Manaus, o Ministério da Saúde pediu autorização para “difundir a adoção do tratamento precoce”. Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

8/01/21: MPF vê ‘pressão’

Um relatório encaminhado pelo Ministério da Saúde ao MPF com resumo das ações da pasta em Manaus indica como medida tomada no dia 8 de janeiro a “publicação das orientações de conduta clínica e tratamento precoce”.

Na ação, o MPF fala em pressão das autoridades do Ministério da Saúde para que profissionais da área adotassem condutas com remédios sem eficácia comprovada.

Relatório do Ministério da Saúde ao MPF indica que pasta fez “publicação das orientações de conduta clínica e tratamento precoce”. Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

14/01/21: Pasta manda cloroquina para o Amazonas

No dia do colapso de oxigênio no estado, um documento do Ministério da Saúde mostra que a pasta enviou 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o estado. Ao longo da ação, o MPF cita reiteradamente a pressão das autoridades pela utilização desse tipo de medicamento.

No dia do colapso, documento do Ministério da Saúde mostra que a pasta enviou 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o Amazonas Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

Transferência de Pacientes

12/01/21: Transferência é iminente
Representantes do Ministério da Saúde e do governo do Amazonas se reúnem em Manaus e falam sobre a necessidade de transferir pacientes devido ao esgotamento da capacidade hospitalar no estado.

Representantes do Ministério da Saúde e do governo do Amazonas se reúnem em Manaus e falam sobre a necessidade de transferir pacientes Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

Apesar desse cenário, reunião é encerrada com a deliberação de que a transferência de pacientes só seria feita “em situação extremamente crítica”.

Reunião é encerrada com a deliberação de que a transferência de pacientes só seria feita “em situação extremamente crítica” Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

Em depoimento, servidora da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNS), Paula Eliazar, diz que só recebeu ordens para elaboração do plano de transferência no dia 14 de janeiro, quando as mortes por asfixia e falta de oxigênio hospitalar começaram a ser relatadas.

Em depoimento, servidora da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNS) diz que só recebeu ordens para elaboração do plano de transferência no dia 14 de janeiro Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

14/01/21: Ministério demora a transferir pacientes

Somente dois dias depois de a pasta já ter tratado da necessidade de transferência de pacientes e quase 20 dias depois de ter sido informado da situação crítica no Amazonas, o Ministério da Saúde começa a procurar possibilidades para a acomodação de pacientes.

Na madrugada de 14 de janeiro, a pasta fez contato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que gerencia hospitais federais, para saber sobre a disponibilidade de leitos.

Primeiro ofício requerendo informações oficiais sobre a quantidade de leitos foi assinado às 16h46m do dia 14 de janeiro. Quase duas horas antes, o governador do Amazonas, Wilson Lima, concedera uma entrevista coletiva anunciando medidas como o toque de recolher para evitar o avanço ainda mais acelerado da doença. No dia seguinte, o Ministério da Saúde anunciou o início da transferência de pacientes.

Ministério da Saúde começa a procurar possibilidades para a acomodação de pacientes Foto: ReproduçãoFoto: Reprodução

O Globo

 

 

 

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