Novo chanceler de Bolsonaro elogiou Evo Morales

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Foto: Reprodução

Sucessor do autodeclarado “antiglobalista” e “conservador liberal” Ernesto Araújo, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, já elogiou o desempenho econômico do governo socialista de Evo Morales, na Bolívia.

No artigo Reestructuración del setor eléctrico de Bolívia, publicado em 20 de agosto de 2012 nos periódicos Energía Bolivia e Energy Press, França avaliou que o governo evista estava “logrando resultados econômicos favoráveis”.

Evo Morales foi presidente da Bolívia entre 2006 e 2019 – quando renunciou ao cargo após ser acusado de ter fraudado as eleições. Ele faz parte do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Luís Arce, atual presidente da Bolívia.

De origem indígena, Evo teve um governo de esquerda, o mesmo espectro político do ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem mantém boas relações.

Ao lado do professor do Instituto de Economia da UFRJ Nivalde de Castro, o novo chanceler brasileiro analisou – e aprovou – a estatização da Empresa Transportadora de Eletricidade (TDE) pelo governo boliviano.

França contesta críticas de que o governo do país vizinho teria rompido contratos e ferido o marco legal quando decidiu, naquele mesmo ano de 2012, estatizar a empresa. Ele diz se tratar de um passo importante para a democracia na Bolívia.

“Na realidade, a decisão de trazer para o Estado a responsabilidade das atividades de transmissão de eletricidade, respaldada pelo aparato legal, se insere em um novo e recente cenário político: o avanço do processo de democracia participativa e prioridade no atendimento das demandas sociais”, assinala.

Esse processo de desenvolvimento econômico e social, completa França, vem sendo observado em alguns países da América do Sul.

“Nessas condições, o governo de Evo Morales vem logrando resultados econômicos favoráveis”, analisa o chanceler, que foi ministro-conselheiro e chefe do setor de energia na Embaixada do Brasil na Bolívia.

Ele justifica o sucesso econômico da Bolívia a dois fatores. “O primeiro e mais importante deriva das condições favoráveis das commodities no mercado internacional, em especial a valorização do preço do gás natural amplamente exportado à Argentina e ao Brasil, o que muito tem contribuído para os saldos da balança de pagamentos e arrecadação tributária”, diz.

“O segundo fator está associado à adoção de uma política econômica ortodoxa que tem permitido fortalecer os fundamentos macroeconômicos do país”, complementa.

França também é autor do livro Integração Elétrica Brasil-Bolívia – O encontro no rio Madeira, que analisa a relação construída entre os dois países em torno de projetos e parcerias de ambos os governos sobre o mercado elétrico.

A posição do chanceler, ainda discreta, difere da tida pelo ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.

Aluno do professor de filosofia on-line Olavo de Carvalho, Araújo, quando ministro (janeiro de 2019 a março de 2021), atuou em uma guinada ideológica na política internacional do Brasil.

O ex-chanceler denunciou o que chama de “globalismo”, que seria, segundo ele mesmo, a “configuração atual do marxismo”. Ernesto acredita que o mundo é comandado pela ideologia baseada nos princípios do sociólogo Karl Marx.

Sobre a Bolívia, o ex-ministro apoiou publicamente o governo interino de Jeanine Áñez, que assumiu a presidência após a renúncia de Evo, em 2019.

Em março deste ano, Áñez foi detida acusada de “terrorismo, sedição e conspiração” devido aos acontecimentos que culminaram na saída de Evo do comando do país.

“Não há nenhum golpe na Bolívia. A tentativa de fraude eleitoral maciça deslegitimou Evo Morales, que teve a atitude correta de renunciar diante do clamor popular. Brasil apoiará transição democrática e constitucional. Narrativa de golpe só serve para incitar violência”, argumentou Araújo.

Já no discurso de posse, no dia 6 de abril, Carlos França mostrou diferenças em relação ao antecessor. Ele destacou urgências no campo da saúde, da economia e do meio ambiente.

“Meu compromisso, enfim, é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”, afirmou o novo chanceler.

No último sábado (10/4), por exemplo, França ligou para o chanceler argentino, Felipe Solá, e demonstrou disposição em “aprofundar e diversificar” as relações bilaterais com o país vizinho.

Constantemente, Bolsonaro demonstra insatisfação com o atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, também de esquerda e amigo do ex-presidente Lula.

Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores e Comércio Internacional da Argentina, os chanceleres trataram da agenda regional e das relações entre os países que fazem parte do Mercosul.

“O novo chanceler brasileiro chamou Felipe Solá para cumprimentá-lo e manifestar sua abertura para tratar de todos os assuntos da agenda entre as duas nações durante sua gestão à frente da diplomacia brasileira”, sintetizou a pasta.

Procurado para se manifestar, Carlos Alberto Franco França disse, por meio da assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, que a citação mencionada na consulta reflete constatação do cenário econômico boliviano à época (2012).

“O artigo examina o setor elétrico daquele país de forma objetiva e analítica, em momento histórico delimitado e em conjuntura específica”, prosseguiu.

Metrópoles

 

 

 

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