Governo Biden não aceitará golpe de Bolsonaro no Brasil

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Foto: Adriano Machado – 29.jun.21/Reuters

As ameaças de Jair Bolsonaro contra a democracia soariam de uma maneira diferente se Donald Trump tivesse sido reeleito. O segundo mandato do republicano marcaria, provavelmente, a ruptura dos Estados Unidos com a democracia liberal. Na circunstância, as instituições multilaterais e os governos democráticos nada poderiam fazer frente à deriva autoritária de governos protegidos por Washington.

Mas isso é história contrafactual. Joe Biden venceu, e os terroristas que atacaram o Capitólio estão sendo investigados e processados. Os sinais para a América Latina são inequívocos. Washington descreveu o complexo processo eleitoral do Peru como “um modelo para a democracia” e colocou em cheque o movimento golpista de Keiko Fujimori. No que concerne ao Brasil, Todd Chapman, conhecido pela relação estreita com Bolsonaro, já está de malas prontas para deixar a embaixada americana em Brasília.

Biden reconhece que os EUA vão precisar batalhar para reconquistar o espaço perdido na América Latina para a China. Os governos da região aprenderam a explorar a rivalidade entre as superpotências durante a pandemia. Neste contexto, ele tem todo o interesse que o Brasil volte a ser um ator racional, previsível e que siga minimamente as regras do sistema internacional.

Achar que Washington se absteria diante de uma ruptura da democracia no país é uma fantasia que só encontra sustentação em paradigmas obsoletos do século passado.

Uma mudança para um regime autoritário promovida por Bolsonaro tampouco atrai interesse em outras partes do mundo. Para os parceiros europeus, a continuidade democrática no Brasil está associada à própria existência da Amazônia. De seu lado, Pequim sabe que a integração econômica entre Brasil e China só tende a melhorar sem os descontroles verbais dos dirigentes de Brasília.

A impossibilidade de reconhecimento internacional de um governo brasileiro que se recuse a obedecer às regras do sistema eleitoral deve alterar o cálculo daqueles que podem ser convocados a apoiar uma tentativa de golpe em 2022. A cooptação das Forças Armadas por Bolsonaro é insuficiente para levar sua cúpula a se expor a sanções internacionais.

A colonização do aparato militar venezuelano por Nicolás Maduro, por exemplo, continuou o processo lançado por Hugo Chávez. Sob o seu comando, o número de generais saltou de 200 para 2.000.

Em troca da lealdade absoluta, todos receberam pedaços de setores-chave da economia por meio de um processo de pseudo nacionalizações. O poder verticalizado do Petro-Estado é tal que Maduro criou uma casta de oligarcas bilionários disposta a resistir a todas as pressões internacionais para manter seus privilégios e o regime chavista. Assim, a eleição de 2022 vai revelar os limites da tese da venezuelização das Forças Armadas no Brasil.

Conviver com um presidente golpista por mais um ano será um extraordinário teste de maturidade democrática. Mas as ameaças de Bolsonaro devem ser tratadas pelo seu potencial real de impacto, e não pelo medo que elas naturalmente suscitam. É importante deixar claro que, aos olhos do mundo, as bravatas do presidente são vistas como as gesticulações finais de um político condenado ao ostracismo.

Folha de S. Paulo

 

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