Calote de Bolsonaro nos precatórios imita o de Collor
Foto: Luis Macedo/Camara
A chegada conjunta da proposta de emenda constitucional que parcela o parcelamento dos precatórios e a medida provisória que reformula o Bolsa Família, com um novo nome, “Auxílio Brasil”, mas sem valor definido, define o presidente Jair Bolsonaro, na opinião do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ), como uma reedição do confisco promovido pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1990.
“Não tem outro nome para isso. É um calote, igual ao de Collor”, afirma ele. Maia reconhece o apelo que o aumento no valor do benefício terá sobre os parlamentares, mas diz que uma parte importante dos precatórios é destinada ao pagamento de pensões alimentícias e de reajustes de salários atrasados. E que, por isso, não será fácil aprovar a PEC.
O presidente foi à Câmara dos Deputados levar as duas propostas como se estivessem casadas, mas muitos na Casa reconhecem que será muito mais fácil aprovar a MP com o novo valor do benefício do que a PEC que posterga o pagamento dos precatórios.
“É difícil para o deputado abrir mão da prerrogativa do cidadão de receber por decisão da justiça que reconhece seus direitos, mas também é complicado ficar contra um reajuste no Bolsa Família”, diz a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
A soma das dificuldades potencializa o risco embutido na nova investida do governo para melhorar a popularidade presidencial, a de que passe apenas a medida que imporá maior gasto, aumentando a pressão fiscal.
“É essa pressão que está jogando o reajuste do benefício pra cima. Isso em impacto no juro, na inflação e no câmbio. No final todo mundo paga a conta, principalmente aqueles para quem o custo do alimento pesa mais na renda”, diz Maia, ao mostrar os dados que demonstram a redução, para a metade, na última década, da relação entre o salário mínimo e a cesta básica.
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