Carta ao filho de Bruno Covas

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Foto: Reprodução

Tomás, começo esta carta dando meus parabéns. Você foi firme na resposta que deu às agressões covardes de Jair Asmodeu Bolsonaro. Novamente, parabéns! Honrou a memória do seu pai. Bruno foi um homem público, muito mais do que um político. Político temos muitos: dezenas, centenas. Homens públicos? Bem, aí a escassez é pantagruélica. Seu pai era uma esperança de renovação, de compromisso com o interesse público, de alguém que sabia da importância de conviver com a diversidade, de pensar a cidade de forma democrática, de ouvir a população, e ter pulso nas decisões a serem tomadas, mesmo aquelas que, a curto prazo, possam ser impopulares – mas que o futuro irá demonstrar que eram mais que necessárias.

Hoje, Tomás, vivemos uma conjuntura tenebrosa na política brasileira. Não pense que sempre foi assim. Não. Tivemos, ao longo do século XX, grandes momentos em que o país teve de escolher lideranças que, mesmo tendo projetos distintos para o país, eram comprometidas com os interesses populares e tinham formação republicana. A cultura, por exemplo, era sempre destacada por estes homens públicos. Sabiam que tínhamos um tesouro a preservar e outro a ser construído e redescoberto. A nossa história era referência nos discursos e na ação política. O Brasil era um país respeitado no mundo, em alguns quesitos era até referência.

O panorama atual é muito distinto. Temos – e você tem absoluta razão – um covarde na Presidência da República. Mas digo mais: temos um homem cruel, um psicopata, um genocida. Temos um cultor do nazifascismo. Tudo isso, Tomás, é o nosso novo normal. A loucura está no poder. E o país foi aceitando. Os ataques diários ao Estado democrático de Direito foram sendo assimilados como algo natural. Acusações sem fundamento, mentiras, alucinações, delírios, acabaram se transformando em matéria-prima para as falas – não é possível considerá-las como discursos – que a cada dia chocam o país. Neste novo normal, muitas delas acabaram sendo ignoradas, como se a fala nazifascista, veja o absurdo, fosse componente do campo democrático. Afinal, é a voz do Presidente da República. Contudo, e você foi no alvo quando reagiu a crueldade do Asmodeu, temos de dar um basta, não podemos perder a nossa capacidade de reação, de se chocar, de agir. Sim, de agir.

Você foi muito feliz quando escreveu: “Uma tristeza as agressões vazias do presidente contra meu pai. Não é certo atacar quem não está mais aqui para se defender. Meu pai sempre foi um homem sério e fez questão de me levar ao Maracanã no fim da sua vida para curtirmos seus últimos momentos juntos. Isso é amor! Bolsonaro nunca entenderá esse sentimento.” Mas não é possível imaginar que o Asmodeu – responsável direto pelo genocídio de mais de 550 mil brasileiros e brasileiras – possa ter algum sentimento, possa ter amor. Não tem, assim como seus filhos e a caterva que o segue e o serve, como os fanáticos hitleristas.

Note que Bolsonaro é tão destituído de amor, que, no caso do futebol, não sabe a importância de amar um time. Bruno fez com você uma despedida, sabendo que poderia ter poucas semanas de vida. Foi ao Maracanã – de tantas lembranças maravilhosas para nós santistas – assistir a última partida do nosso time. Perdemos, mas isto é do futebol. Mas o seu pai ganhou. Ganhou pelo exemplo de compartilhar com você um momento que para ele era de alegria e – por ironia, trágica ironia – de adeus.

Tomás, continue assim. Firme em defesa dos princípios humanitários e democráticos, Vamos construir um novo Brasil. Amanhã vai ser outro dia. Nós não vamos desanimar, vamos lutar. Ah, ia esquecendo. Seguindo, claro, o que o seu pai sempre dizia: força, foco e fé. Forte abraço santista.

Uol  

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