Evento de extrema-direita fala em “liberdade”
Liberdade foi o grande tema da segunda edição da conferência conservadora Cpac, em Brasília, encerrada neste sábado (4). Isso incluiu também a liberdade de ignorar recomendações sanitárias e não usar máscara, apesar da obrigatoriedade no Distrito Federal.
Dentro do evento, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, menos da metade dos presentes circulou com a proteção facial.
Também não havia medição de temperatura, contrariando decreto do governo local, e a oferta de álcool em gel era rara.
Já a redução na lotação do evento foi respeitada, com a venda de apenas 50% dos ingressos pelos organizadores. Foram 1.500 pessoas presentes.
Na manhã de sábado, uma fila enorme se formou para tirar selfies com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos promotores da conferência. Praticamente ninguém estava de máscara, incluindo o filho do presidente.
Na sexta (3), primeiro dia do encontro, também dispensaram o acessório figuras como os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, além de deputados e ativistas.
O evento teve um clima de quermesse conservadora. Ativistas desfilaram com cartazes e roupas coloridas, com referências a temas caros dos bolsonaristas.
Um grupo defendeu fusões criativas entre os nomes de Bolsonaro e do ex-presidente americano Donald Trump —cujo filho, aliás, foi o palestrante-estrela do evento, embora tenha sido obrigado a entrar por videoconferência dos EUA, devidos a problemas com seu voo.
Diversos estandes venderam livros e camisetas com estampas direitistas, como essa, que faz paródia de um sucesso de Raul Seixas.
E outros participantes encararam o evento quase como um Carnaval, como esse trio de mãe e filhas gaúchas, que vieram paramentadas.
A defesa da liberdade, especialmente nas redes sociais, esteve presente em praticamente todos os discursos e na escolha de palestrantes. Um dos mais festejados foi Jason Miller, criador da rede social Gettr, que promete jamais censurar seus integrantes por opiniões, tentando assim se diferenciar do Twitter.
O evento terminou com uma palestra de Eduardo Bolsonaro, na qual ele fez um histórico da presença comunista no Brasil, alertou para a ameaça do “marxismo cultural” na academia e na imprensa e justificou o golpe de 1964 como um movimento necessário para evitar que o país se tornasse uma nova Cuba.
Após o encerramento, já perto das 22h, uma balada começou numa das salas do local do evento, com a direita dançando ao som do “Funk do Bolsonaro”, do MC Reaça, entre outras melodias.
Folha de SP