Protestos bolsonaristas dissimularam inflação, desemprego etc.

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Foto: Reprodução/ Internet

As manifestações de rua convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro em Brasília e em São Paulo cumpriram o objetivo que ele havia traçado. Independentemente da quantidade de gente que conseguiu arregimentar, foi um palco grande o suficiente para o seu repertório antidemocrático, com o qual sequestra a pauta do país.

Sua estratégia não contempla apenas levar o Brasil para o autoritarismo. Passa também por soltar uma cortina de fumaça por dia. Há uns dias, foi o apelo para que se preferisse comprar fuzil a feijão. Não há como discutir as falhas de sua administração na condução da política econômica e no combate à pandemia se a própria democracia é colocada em risco pelo presidente da República.

As multidões de ontem mascaram o fato de que o isolamento do presidente se aprofunda, como indicam a última pesquisa de opinião e outra de monitoramento de redes sociais, divulgadas segunda-feira. Na pesquisa de intenção de voto, do Atlas Político, o percentual de votos dos que aprovam o presidente (32%) estatisticamente é igual aos que optam por ele na pesquisa estimulada (34,5%) e no segundo turno contra Lula, Ciro e Doria (de 35,9% a 36,3%). Ou seja, Bolsonaro não consegue agregar quase nada fora da bolha que o acompanha.

No levantamento da AP Exata e Banco Modalmais, constatou-se na análise de 1,2 milhão de tuítes na última semana que “houve um movimento de concentração em bolhas de apoiadores do presidente”. A correlação entre menções de protesto e grupos específicos, como os de policiais militares, caminhoneiros e evangélicos aumentou.

Para tentar furar a bolha, o bolsonarismo camuflou o caráter antidemocrático das convocatórias. Diminuíram os apelos a que o presidente use o artigo 142 da Constituição Federal para acionar o Exército a intervir no Supremo e no Congresso. Cresceram narrativas de que o que está em jogo hoje é a liberdade de expressão, supostamente ameaçada pelo avanço das investigações a cargo do ministro do STF Alexandre Moraes.

Além de se apropriar da data cívica, o bolsonarismo também pretende avançar sobre mais essa bandeira: a da defesa da liberdade de expressão e das garantias individuais. Tenta-se construir um mundo ao avesso. Os que espalham fake news acusam a imprensa de mentir, os que evocam ditaduras denunciam um avanço autoritário, e por aí vai. O bolsonarismo tenta dar demonstrações de força dizendo-se fraco. O ato em Brasília foi sugestivamente chamado pelos seus organizadores de “ homenagem às vítimas da censura e presos políticos pela ditadura de toga”. Bolsonaro desencadeia um processo que potencialmente pode levar a uma convulsão permanente.

A pauta das ruas bolsonaristas, como se sabe, com certeza não será a das reformas econômicas que encontram tanta dificuldade de avançar no Congresso. Tentar segurar essas quimeras para seguir tendo o controle da pauta do Legislativo será o desafio da cúpula das duas Casas. Nada indica também que o Supremo irá afrouxar o laço. Ainda ontem Alexandre de Moraes ordenou novas diligências no âmbito do inquérito das atividades antidemocráticas. O país seguirá em tensão máxima nas próximas semanas.

Valor Econômico

 

 

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