PEC permitirá que parlamentares virem diplomatas sem deixar o cargo

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) endossada por líderes do governo Jair Bolsonaro e pela cúpula do Senado pode ampliar a barganha política por cargos de embaixador do Brasil, indicados exclusivamente pelo presidente. Os parlamentares querem se livrar de uma amarra ao retirar da Constituição trecho que os obriga a abrir mão do mandato antes de assumir a chefia dos postos diplomáticos de maior prestígio no exterior. A PEC despertou preocupações de que possa abrir a porteira para a captura política das embaixadas pelo Centrão.

Estão em jogo as chefias de 133 embaixadas espalhadas por todos os continentes, além de 12 missões e delegações permanentes perante organismos internacionais. A mais recente delas foi criada oficialmente na quarta-feira, 20, pelo presidente Jair Bolsonaro, em Manama, no Bahrein. A abertura do posto faz parte de uma mudança na política externa, após anos de contração do serviço exterior, como mostrou o Estadão, e pode impulsionar negócios agrícolas e a venda de armamentos no Oriente Médio.

Em situações excepcionais, qualquer cidadão brasileiro nato, maior de 35 anos, com reputação de bons serviços prestados ao País, pode servir como embaixador, se escolhido pelo presidente e aprovado em votação no Senado.

No caso dos parlamentares federais, eles devem, obrigatoriamente, renunciar ao cargo para o qual foram eleitos antes da posse. A exigência, prevista em diferentes Constituições, existe desde 1937 e nunca foi derrubada.

Na prática, a vedação implicou maior profissionalização das embaixadas e do corpo diplomático. Dos atuais embaixadores brasileiros, só um vem de fora da carreira, o general da reserva Gerson Menandro, do Exército, indicado por Bolsonaro para ocupar o posto em Tel-Aviv, Israel, no ano passado. O presidente também chegou a escolher como embaixador na África do Sul o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal, mas ele não recebeu o aval do governo, o chamado agreement.

Protocolada na quinta-feira, a PEC é de autoria do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Antes aliado do Palácio do Planalto, o ex-presidente do Senado virou um obstáculo aos interesses de Bolsonaro. É ele que tem segurado a sabatina de André Mendonça, ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça indicado pelo presidente para o Supremo Tribunal Federal.

A proposta de Alcolumbre representa mais uma ação corporativista. Ao justificar a mudança, porém, o senador disse que a restrição para ocupar embaixadas consiste em “discriminação odiosa aos parlamentares”. Ponderou que nem para o cargo de ministro das Relações Exteriores, o superior hierárquico dos embaixadores, há tal exigência. “É uma afronta ao bom senso e à razoabilidade que o parlamentar federal possa ocupar o cargo de ministro das Relações Exteriores, sem perder seu mandato, e não possa ocupar o cargo de chefe de missão diplomática de caráter permanente”, afirmou Alcolumbre.

O senador não explicou, no entanto, o motivo de ressuscitar o debate agora. A PEC precisa ser aprovada em comissões, uma delas a CCJ, e em duas votações de plenário, no Senado (49 votos) e na Câmara dos Deputados (308 votos).

No Congresso, pelo menos cinco senadores são afeitos à política externa e ao menos três já circularam como possíveis indicados à chancelaria: Nelsinho Trad (PSD-MS), Antônio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Collor (PROS-AL).

Se fosse aprovada, a PEC poderia beneficiar, por exemplo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Em 2019, Bolsonaro manifestou a intenção de indicá-lo como embaixador em Washington (EUA). Diante da resistência ao nome do deputado, o Planalto nunca formalizou a indicação.

Caso Eduardo passasse agora pelo crivo do Senado, não precisaria renunciar ao mandato e poderia apenas se licenciar, mantendo as prerrogativas do cargo. O Estadão questionou o Itamaraty sobre a proposta, mas não houve resposta.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a senadora Katia Abreu (Progressistas-TO) disse que não se opõe à PEC, mas fez ressalvas. “Tem que haver limites de vagas e do período de servir numa embaixada”, afirmou.

Estadão

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf