Discurso de Glenn Greenwald o aproxima da extrema-direita brasileira

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Foto: Nicolas Landau

Conhecido por suas posições progressistas, o jornalista americano Glenn Greenwald passou a ser admirado recentemente por uma plateia inusitada: a direita brasileira.

Greenwald, que vive no Rio de Janeiro, entrou na mira de bolsonaristas e lavajatistas há pouco mais de dois anos, quando revelou diálogos mantidos pelo ex-juiz Sergio Moro com procuradores, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Foi atacado, teve a prisão e a deportação pedidas e ganhou a alcunha de “Verdevaldo”, tradução jocosa de seu nome.

De alguns meses para cá, no entanto, ele vem ganhando elogios surpreendentes no mundo destro.

Comentarista da rádio Jovem Pan e figura de proa do opinionismo bolsonarista, Rodrigo Constantino foi um dos que fizeram coro em prol do jornalista.

Outro a se manifestar foi o influenciador conservador Kim Paim.

Há diversos outros exemplos, como o do empresário e influenciador Leandro Ruschel (que depois se arrependeu e apagou um tuíte elogioso a Glenn).

O motivo da nova admiração pelo jornalista é sua defesa da liberdade de expressão, hoje um valor associado mais à direita, tanto no Brasil como nos EUA.

Figura influente na imprensa americana, Glenn se tornou um crítico de jornalistas de esquerda, de lideranças do Partido Democrata e do governo Joe Biden. Frequentemente participa de programas na Fox News, emissora de TV próxima ao Partido Republicano e ao ex-presidente Donald Trump.

Em entrevista ao blog, Glenn disse que não se tornou uma pessoa de direita, apenas se mantém fiel a princípios que defende há décadas. E afirma que não se importa dos elogios recebidos de trumpistas e bolsonaristas.

“Talvez dizer que eu sou elogiado por eles seja uma palavra um pouco forte. O que estou vendo é dizerem: ‘meu Deus, não consigo acreditar que estou concordando com alguma coisa que ele está falando’”, afirma.

Glenn acredita a simpatia que desperta nos apoiadores do presidente Bolsonaro tenha em parte relação com as mudanças na conjuntura política.

“Na época da Vaza Jato, o alvo principal era o Sergio Moro, que em 2019 era um membro do governo Bolsonaro bem importante. Havia uma união entre bolsonaristas e lavajatistas. Quando eu estava criticando o Moro, eu era inimigo do governo Bolsonaro. E obviamente tudo isso mudou, agora Moro ironicamente é o inimigo número 1 do Bolsonaro. Muitos agora dizem: ‘Glenn tinha razão’”, afirma.

Ele diz que se surpreende com a pouca importância dada pela esquerda ao tema da liberdade. “Quando cresci como um adolescente gay nos EUA, nas décadas de 70 e 80, a censura era uma ferramenta usada pela direita. Queria censurar filmes, músicas. A liberdade de expressão era um valor associado à esquerda. Mas agora aqui no Brasil, muitas vezes a censura é apoiada pela esquerda e o alvo é a direita, principalmente bolsonaristas”, afirma.

Isso tem relação, segundo o jornalista, com a forma como as novas gerações de esquerda enxergam o tema, já que elas não têm a memória da censura aplicada pelo regime militar no Brasil.

“No Brasil a liberdade de expressão é quase tratada pela esquerda brasileira como uma ideia fascista, autoritária. Isso para mim é incrível, porque a ditadura militar usou a censura contra a esquerda”, diz.

Em outra divergência com esquerdistas, ele diz ser contrário a estabelecer restrições a opiniões, desde que não envolvam a prática de crime.

“Não podemos ter limites na questão de opiniões políticas. Obviamente, tem de haver limites de difamação. Não posso publicar um artigo dizendo que você é pedófilo, por exemplo, ou cometer uma fraude”.

Na semana passada, Glenn e seu marido, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), receberam críticas da esquerda por participarem de um programa do Flow, canal de podcasts popular entre a direita e que recentemente sofreu acusações de defender que sejam toleradas opiniões racistas.

O jornalista diz que aceitou o convite porque avalia que é importante ter contatos “fora da bolha”.

“Me incomoda que a esquerda e a direita nunca concordem em nada. Precisamos ter valores e princípios comuns. Para mudar a sociedade, é preciso conversar com pessoas que não concordem com você”, diz.

Folha de S. Paulo

 

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