Nas redes, apoio a vacinação infantil vence negacionismo

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Foto: YARA NARDI / REUTERS

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último dia 15 de dezembro, foi tema de forte mobilização entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Levantamento realizado pela Bites, a pedido do GLOBO, identificou que, dentre um recorte de 3,5 mil perfis bolsonaristas, 54% se engajaram contra a imunização infantil. No debate geral, no entanto, a vitória foi do grupo favorável: dentre as 15 publicações sobre o assunto mais compartilhadas no Twitter, 13 apoiam a vacinação de crianças.

Para entender o discurso bolsonarista e mensurar sua adesão ao tema, a análise levou em conta perfis que frequentemente postam hashtags em apoio a Bolsonaro e o defendem nas redes. A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), os filhos do presidente e o ex-ministro Abraham Weintraub, por exemplo, fazem parte do recorte. Nesse grupo, foram identificados 82,8 mil tuítes nos últimos 90 dias, e o pico de menções ao tema começou em 15 de dezembro, justamente um dia antes da liberação anunciada pela Anvisa.

Se considerado o quadro geral, no mesmo período, o levantamento identificou 1,89 milhão de menções em português sobre a vacinação infantil. Nesse universo, as principais personalidades que falaram sobre o tema são quase todas favoráveis a vacinar crianças, como o youtuber Felipe Neto, a ex-BBB Rafa Kalimann, a atriz Bruna Marquezine e o humorista Marcelo Adnet. A exceção é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que se posiciona de forma contrária.

No grupo de publicações mais compartilhadas no Twitter, a campeã chega a 15 mil retuítes, assim como a segunda colocada. A terceira conta com 14 mil compartilhamentos. As três têm posicionamento favorável à vacinação e tom irônico, o que segundo o diretor adjunto da Bites, André Eler, foi um padrão.

— As mensagens que mais repercutem são todas a favor da vacinação infantil e ironizando muito fortemente o grupo contrário — explica.

Outro índice que indica o predomínio do grupo favorável são as hashtags. Somadas, as nove tags antivacina mais populares tiveram 29,2 mil menções, nos últimos 90 dias, por 12,9 mil usuários. Em contrapartida, somente a #derrubamalafaia, criada no dia 10 contra o pastor, ligado a Bolsonaro e que também é contra a obrigação de vacinar crianças, teve 60,1 mil menções por 20,5 mil usuários, em três dias.

Entre as 15 publicações mais populares, há somente duas contrárias ao tema: são dois posts do jornalista Guilherme Fiuza, quem teve mais sucesso dentre os apoiadores do presidente da República.

O post mais popular de Fiuza ocupa a nona colocação dessa lista e defende o discurso mais difundido entre os bolsonaristas: de que a vacina que será aplicada em crianças é experimental e ainda não passou por testes suficientes para ser considerada segura.

“Submeter crianças a uma vacina sem estudos conclusivos sobre RISCOS (sendo os riscos da doença para elas reconhecidamente baixos) não é um erro. É uma monstruosidade. A classe médica vai compactuar com isso? Os ratos e sua montanha de cúmplices foram longe demais. Vão pagar”, escreveu o jornalista, em 16 de dezembro. A mensagem teve mais de 7 mil compartilhamentos e 28,6 mil curtidas.

A responsável pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid) do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, porém, já afirmou que a versão infantil da vacina não teve “nenhuma preocupação séria de segurança” identificada nos testes clínicos e que a análise da Anvisa foi feita de “forma rigorosa e com toda a cautela necessária”.

‘Pulga atrás da orelha’

Responsável por analisar os dados levantados, o diretor adjunto da Bites reforça a mobilização bolsonarista em cima do tema. O especialista alerta para a força do grupo contrário.

— É um debate em que a vacinação infantil é vitoriosa, mas não diria que a derrota do bolsonarismo é completa. Para esse público de apoiadores do Bolsonaro, eles conseguem ao menos colocar uma pulga atrás da orelha. Os bolsonaristas conseguem emplacar algumas mensagens com bastante engajamento. Especialmente o Fiuza e a Bia Kicis, por exemplo — explica Eler, que também destaca a atuação do ex-ministro Abraham Weintraub e da ex-atleta de vôlei Ana Paula Henkel, dentre os que negam as evidências científicas.

Para ele, no entanto, os números do grupo favorável à imunização infantil ganham ainda mais relevância porque foram espontâneos.

— O movimento é impulsionado por influenciadores de outros temas, gente que só teve a sacada de defender a vacina infantil, mesmo fora do dia a dia do debate político polarizado. Foram essas pessoas que realmente conseguiram mais engajamento para defender a vacina e criticar a tentativa de atraso à vacinação. Essa vitória favorável é bem expressiva, especialmente porque não teve um centro de expressão de opinião, como no bolsonarismo costuma ter. Dentre os apoiadores do presidente, as menções não são tão espontâneas, há um movimento mais ou menos coordenado, geralmente.

O Globo

 

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