Além de Mamãe Falei, União Brasil se alia a MBL

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Foto: Reprodução

Alvo de duas dezenas de pedidos de cassação por quebra de decoro parlamentar, o deputado estadual Arthur do Val (SP), conhecido como “Mamãe Falei”, filiou-se ao União Brasil e é uma das apostas do partido para a Câmara dos Deputados, para puxar votos para a legenda e aumentar a bancada eleita por São Paulo, apesar das declarações sexistas do parlamentar.

O União Brasil tem agido nos bastidores da Assembleia Legislativa paulista para evitar que o deputado seja cassado, depois de ter feito declarações machistas contra mulheres ucranianas. O partido avalia que Arthur do Val tem potencial eleitoral sobretudo entre jovens e conservadores. Em 2018, o deputado foi o segundo mais bem votado da Assembleia paulista, com 478,2 mil votos. Se perder o mandato, perderá também seus direitos políticos por oito anos.

Arthur do Val é alvo de um processo no Conselho de Ética da Assembleia por quebra de decoro, aberto em 18 de março. O colegiado avalia 20 representações que foram unificadas e que pedem a perda do mandato, depois que o deputado disse que mulheres ucranianas são “fáceis porque são pobres”. O parlamentar foi à Ucrânia em fevereiro para supostamente entregar doações a refugiados depois da invasão russa. Em áudio enviado a colegas, divulgados nas redes sociais em 4 de março, faz diversos comentários machistas. Entre eles, comparou a fila das refugiadas à de balada.

O relator do caso no Conselho de Ética, Delegado Olim (PP), deve apresentar seu parecer até meados de abril. O União Brasil tem negociado para que Arthur do Val tenha como punição a suspensão temporária do mandato e não a cassação. Com isso, poderia disputar para a Câmara dos Deputados.

O argumento usado pelo União Brasil para defender Arthur do Val é que o deputado Fernando Cury (sem partido), que foi flagrado apalpando a deputada Isa Penna (PCdoB) em 2020, foi suspenso e não cassado. “Não pode ter dois pesos e duas medidas”, diz o presidente do diretório paulista da sigla, deputado Junior Bozzella.

A filiação do deputado faz parte de um movimento de migração de lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL) do Podemos para o partido. Para Bozzella, é um “gesto de solidariedade”, articulado pelo vereador Rubinho Nunes, que também trocou o Podemos pelo sigla.

Caso o conselho de ética defina a suspensão temporária ou cassação, o caso será votado em plenário. Para ser aprovador, precisará do apoio de ao menos 48 dos 94 deputados.

Valor Econômico