Foto em Bíblia derrubou Ribeiro

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O governo Bolsonaro perdeu seu quarto ministro da Educação. Foram 10 dias de revelações sobre “pastores amigos” mandando e desmandando na relação do ministro Milton Ribeiro com prefeitos, como mostrou o Estadão. Em troca, relataram prefeitos, pastores cobravam propina.

Para além da gravidade das denúncias, já em apuração criminal, a saída do ministro do governo foi bem célere para os modos e costumes da gestão Bolsonaro. E duas podem ser as causas: a pressão de não ver sua pré-campanha manchada por denúncia de corrupção; e a ira dos evangélicos ao ver o ministro ligado a pastores vendendo favores em troca de ouro.

Entre aqueles que se preocupam em não ver a adesão eleitoral a Bolsonaro se abalar, a saída do ministro era urgente. Bolsonaro prega o discurso anti-corrupção. E um ministro investigado no Supremo Tribunal Federal por suspeita de crimes que continha cobrança de propina é alarido que não interessa no momento.

Mas como Milton Ribeiro é amigo da família Bolsonaro, a saída honrosa é o gesto do próprio ministro abrindo mão do cargo e pedindo apuração de tudo.

Do mundo evangélico, reduto eleitoral que o presidente lidera nas pesquisas, Bolsonaro já vinha recebendo sinais de insatisfação com a atuação de Ribeiro. Denúncia após denúncia foi minguando o grupo de religiosos que se dispunha a defender publicamente o ministro da Educação. A pá de cal para eles veio com a notícia, divulgada pelo Estadão nesta segunda-feira, 28, de que em evento do MEC, foram distribuídas Bíblias com fotos do ministro.

No mundo dos evangélicos, a melhor tradução, explica uma entendedora do livro sagrado, está em João 3:30. O versículo diz: “é necessário que Ele cresça e eu diminua”. A passagem é uma referência a sentimento muito caro aos protestantes. Não se autopromover e deixar para promover apenas Deus.

No caso de Ribeiro, sua promoção estava impressa nas páginas iniciais da Bíblia, um ato que seus pares não aprovam. Já no mundo dos homens e das leis, a exposição da imagem de homem público da maneira como foi feita pode configurar crime.

Estadão