PT não quer que França desista do governo de SP
Foto: Arquivo/O Globo
Os números da última pesquisa Datafolha devem reforçar a intenção de PT e PSB de manterem as candidaturas de Fernando Haddad e Márcio França ao governo de São Paulo. O ex-prefeito petista não compareceu nesta sexta-feira ao ato de indicação formal de Geraldo Alckmin (PSB) para vice da chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado em um hotel da capital paulista.
Em conversas reservadas ocorridas após o evento, Lula revelou a dirigentes petistas que ainda acredita na unificação do palanque no maior estado do país com a desistência de França. Esses dirigentes, porém, admitem que o cenário mais provável é de duelo entre os dois.
No primeiro cenário testado pela pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, Haddad lidera com 29% das intenções de voto, França aparece em segundo com 20%, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) soma 10% e o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), 6%. Sem França na disputa, Haddad tem 35% das intenções de voto, e Tarcísio e Rodrigo, 11%.
O próprio pré-candidato do PSB, apesar de ainda ter esperança de convencer Lula de que pode ser mais competitivo em uma disputa em dois turnos, admite hoje que o duplo palanque tem mais chance de se consolidar.
— A chance maior é cada um ter a sua candidatura. Mas nós vamos fazer um esforço até o final (pela união) porque quem sabe uma luz ilumina.
Para não dar margem a especulações sobre sua desistência, França soltou nesta sexta-feira uma nota jurídica em que afirma que reportagens que levantarem dúvidas sobre a sua candidatura serão alvos de interpelações judiciais.
O pré-candidato, que compareceu à reunião entre Lula e Alckmin, ainda aproveitou para cutucar a dependência que os seus adversários, inclusive Haddad, têm de padrinhos políticos.
— Essa história dos padrinhos políticos tem um peso diferente aqui em São Paulo. Nesse caso, o Haddad é Lula, o Tarcísio é (Jair) Bolsonaro, o Rodrigo é (João) Doria. Eu não tenho padrinho.
A ausência de Haddad no ato de sexta-feira foi considerada providencial. O pré-candidato petista cumpriu agenda no interior do estado. O receio é que o encontro entre França e Haddad poderia roubar o destaque dado para a união entre Lula e Alckmin.
— O evento foi tão belo e singelo que qualquer outro fato poderia tirar o brilho — disse o deputado federal José Guimarães (CE).
Em entrevista à rádio CBN de São José do Rio Preto, Haddad também deu a entender que trabalha com o cenário de enfrentar o candidato do PSB na eleição.
— Se o Márcio quiser ser candidato, ele vai ter o nosso respeito. Acho que ele também me respeita. As conversas estão boas, então independentemente de ter acordo no primeiro turno, pode ter um acordo bom no segundo turno.
Hoje, a união com o PSB em São Paulo é considerada pelos petistas mais importante para a candidatura presidencial de Lula do que para a candidatura de Haddad. No caso da eleição presidencial, o entendimento é que seria importante passar uma mensagem de unidade entre os dois partidos no maior estado do país.
Em relação à eleição paulista, prevalece a análise de que França pode ajudar a conter o crescimento de Tarcísio e Garcia, justamente porque tem mais entrada com a parcela do eleitorado que não é de esquerda.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, garante, porém, que vai continuar tentando viabilizar a união:
— Eu sempre defendo a unidade desse campo. Vou trabalhar o que puder para que a gente saia unido aqui em São Paulo. Acho muito importante porque fortalece e a gente tem condições de ganhar a eleição.