Lula quer suspensão da “paridade de preços” da Petrobras já

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Foto: Sérgio Lima

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na manhã de ontem a troca de comando na Petrobras e reforçou, durante entrevista a uma rádio do Distrito Federal, críticas à política de paridade com preços internacionais da petroleira mantida pelo governo Jair Bolsonaro. “Não adianta o Bolsonaro trocar o presidente [da Petrobras]. Ele tem que trocar de postura.”

Em seguida, Lula afirmou que Bolsonaro deveria convocar o Conselho Nacional de Política Energética para “decidir que o preço não será dolarizado”. “Tem que decidir que nós não vamos pagar o preço internacional, nós vamos pagar o preço do custo da gasolina aqui no Brasil”, defendeu.

O petista chegou a dizer, em tom de ironia, que o próprio Bolsonaro deveria assumir o comando da estatal. “Se a Petrobras é tão importante, assuma ele a presidência da Petrobras. Ele tem que ter coragem. Ele tem o rabo preso aos preços internacionais”, atacou.

Em vídeo divulgado ontem o ex-presidente, Bolsonaro criticou o discurso daqueles que prometem reduzir o valor da gasolina. “É sempre aquele discurso fácil de salvar, de ajudar. A gasolina vai voltar a R$ 3 o litro. No mundo todo é R$ 12, só aqui que vai voltar a R$ 3?”, questionou. Neste momento, apoiadores chegaram a comemorar, entendendo que o presidente iria baixar o preço da gasolina. Bolsonaro, então, interrompe para explicar. “Não, espera aí. Espera aí. É o que o cara que diz, pô.”

Parte do combustível usado no Brasil é importado – no caso do diesel, 23,2%. Sem ajustar a cotação aos preços internacionais, as importação são desestimuladas e pode haver desabastecimento.

O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que estava a frente da estatal havia apenas 39 dias, foi demitido na noite de segunda-feira. O nome indicado para substituí-lo é do atual secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade. Coelho foi o terceiro presidente da estatal a ser demitido do cargo.

Na mesma entrevista em que criticou Bolsonaro, Lula comentou o fato do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ter virado réu. Moro esteve à frente da Operação Lava-Jato e o condenou em 2017, em sentença posteriormente anulada.

O ex-magistrado tornou-se réu na segunda-feira, em uma ação judicial que pede que ele ressarça os cofres públicos por supostos prejuízos causados à Petrobras por sua atuação no âmbito da operação Lava-Jato. O processo foi ajuizado por deputados federais do PT

“Só espero que nessa acusação contra Moro ele tenha o direito de defesa e a presunção de inocência que eu não tive com ele”, disse Lula. O petista afirmou esperar que o julgamento de Moro seja “decente, digno e respeitoso”. “Espero que possam provar as coisas que fizeram e que não fizeram”, respondeu.

Antes da entrevista concedida por Lula, o ex-juiz postou nas redes sociais que há uma inversão completa de valores neste caso. “Em 2022, o PT quer, como disse Geraldo Alckmin, não só voltar à cena do crime, mas também culpar aqueles que se opuseram aos esquemas de corrupção da era petista”, escreveu. Moro disse ainda que a ação popular proposta por membros do PT contra ele é “risível.” “Assim que citado, me defenderei. A decisão do juiz de citar-me não envolve qualquer juízo de valor sobre a ação”, afirmou.

A decisão que tornou Moro réu é do juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2ª Vara Federal Cível do Distrito Federal. Ele afirmou que dará andamento à ação proposta pelos parlamentares e intimou Moro da decisão.

De acordo com os deputados, Moro, enquanto juiz da Operação Lava-Jato, “manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais”. A ação é assinada por advogados do grupo Prerrogativas em nome dos deputados José Guimarães (CE), Erika Kokay (DF), Natália Bonavides (RN), Paulo Pimenta (RS) e Rui Falcão (SP).

Valor Econômico