TCU encontra fio da meada do cartão corporativo

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O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu procedimento para apurar supostos gastos em duplicidade do governo federal com contratos e cartão corporativo da Presidência. O relator será o ministro Antonio Anastasia, que já está à frente de outras ações ligadas ao tema. A abertura do processo aconteceu com base na representação do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que denunciou a irregularidade à corte de contas.

— Há despesas informadas na fatura do cartão e contratos firmados pela União para os mesmos serviços. É uma verdadeira farra com dinheiro dos impostos dos brasileiros. Queremos que as contas anuais do presidente sejam rejeitadas e os valores sejam devolvidos aos cofres públicos — disse o parlamentar.

A auditoria do TCU sobre os cartões corporativos da Presidência revelou que, desde o início do governo Bolsonaro, despesas com hospedagem, alimentação e locomoção vêm aumentando. O presidente Bolsonaro justifica as cifras com o argumento de que o alto valor é decorrente de gastos com equipes de segurança em viagens. Elias Vaz aponta em sua representação, porém, que os servidores responsáveis pela segurança do presidente e do vice, Hamilton Mourão, recebem diárias para custear alimentação e hospedagem e que há contratos da União para arcar com deslocamentos aéreos.

Dados do Portal da Transparência mostram que o valor de diárias destinadas a militares dedicados à segurança de Bolsonaro e Mourão foi de R$ 10.767.281,13 entre entre janeiro de 2020 a maio de 2022. Em relação à locomoção, o governo federal pagou R$ 12.154.944,08 à empresa Miranda Turismo e Representações Ltda para fornecimento de passagens nesse mesmo período. O valor total de gastos com o cartão corporativo da Presidência foi de R$ 46,9 milhões de abril de 2020 a abril deste ano.

— A equipe de segurança já recebe passagens, porque o governo tem um contrato para isso. Também recebe diárias para pagar alimentação e hospedagem. Então, por que o cartão corporativo da Presidência tem sido usado para também bancar essas despesas? Há sérios indícios de que o cartão é utilizado em viagens de lazer, alimentação de luxo e caronas para parentes e amigos do Bolsonaro — diz Elias Vaz.

Globo