Assassino Bolsonarista ‘coloca em risco a ordem social’, diz Justiça

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A Justiça expediu nesta segunda-feira, a pedido do Ministério Público do Paraná, o mandado de prisão preventiva para o agente penal Jorge José da Rocha Guaranho, que fazia postagens a favor de Bolsonaro nas redes sociais e matou Marcelo Aloizio de Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PT), que celebrava seu aniversário de 50 anos numa festa temática do partido na noite do último sábado. Arruda, cujo óbito foi declarado na madrugada de domingo, tinha revidado o ataque a tiros em seu evento. Ferido, Guaranho foi socorrido ao Hospital Municipal, onde encontra-se internado. A família dele não autorizou a divulgação de seu estado de saúde, de acordo com a assessoria de imprensa da unidade.

Ao determinar a prisão preventiva do investigado, o Juízo afirmou que “resta evidenciado que o flagrado coloca em risco a ordem social, se revelando necessária a contenção cautelar para evitar a reiteração criminosa, sendo que as peculiaridades do caso concreto apontam ser imperiosa a manutenção da segregação cautelar, pois pelo que consta dos autos o flagrado, aparentemente por motivos de cunho político, praticou atos extremos de violência contra a vítima, que sequer conhecia, tendo invadido a sua festa de aniversário e após uma discussão inicial deixado o local, retornando cerca de dez minutos depois armado, efetuando na presença de diversos convidados os disparos de arma de fogo, em decorrência dos quais a vítima faleceu”.

Além disso, pontua a decisão judicial: “o flagrado atua na área de segurança pública – policial penal federal – o que eleva ainda mais a gravidade do delito considerando que este age (ou deveria agir) em nome do Estado, em prol dos interesses da coletividade. Portanto, a concessão da liberdade, neste momento, geraria sentimento de impunidade, serviria de estímulo à reiteração criminosa e colocaria em risco a sociedade”.

Também nesta segunda-feira, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP) informou que a coordenação da investigação do caso passou para a delegada Camila Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A pasta disse, em comunicado, que uma força-tarefa foi formada pela Polícia Civil no início da noite de domingo para a condução do caso. Cecconello presidirá o inquérito policial e já está no município desde a manhã desta segunda-feira.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública explicou que a delegada Iane Cardoso continua fazendo parte da equipe de investigação.

“O que houve é um reforço com a criação de força tarefa coordenada pela delegada Camila Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa”, acrescentou.

“Uma equipe de investigadores da DHPP vinda de Curitiba reforça os trabalhos para garantir celeridade na apuração dos fatos”, acrescentou a SESP. “A SESP lembra que a Polícia Civil do Paraná conta com apoio da Polícia Científica para finalização das perícias necessárias para total elucidação do ocorrido”.

Chamou atenção nas redes sociais nesta segunda-feira o teor antipetista de postagens políticas no perfil de Facebook da delegada anterior, Iane Cardoso. Essa observação torna-se relevante pois a política ouviu de testemunhas que a discussão entre o agente penal e o guarda municipal começou com base em divergências políticas.

O enterro de Arruda foi marcado para 14h desta segunda-feira no Cemitério Jardim São Paulo após velório no Ginásio Sebastião Flor, que contou com presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Música ‘remetia a Bolsonaro’, relata testemunha

Uma música relacionada a Bolsonaro que estaria tocando no carro do agente penal José da Rocha Guaranho na noite de sábado, perto de onde o petista comemorava seus 50 anos, pode ter motivado a discussão entre eles que terminou com a morte de Arruda em Foz do Iguaçu (PR), segundo informações da Polícia Civil do Paraná. O caso gerou ampla repercussão entre políticos no país, e também na imprensa internacional.

A delegada disse que, segundo uma testemunha, a música que “remetia a Bolsonaro” teria desagradado o aniversariante. Arruda teria então pedido que Guaranho se retirasse do local de sua festa. Enquanto ia embora, acabou respondendo algo para o guarda municipal. Segundo a delegada, há um vídeo que mostra essa interação entre eles, mas o conteúdo do que foi dito ainda será apurado a partir dos depoimentos de outras testemunhas. Uma pessoa que estava presente na festa relatou à polícia que o atirador teria dito “Aqui é Bolsonaro”. A discussão começou por volta de 22h40 de sábado.

Além disso, considerando os ânimos abalados dos envolvidos no caso, Cardoso informou que também foram postergados os depoimentos da mulher de Arruda e o da mulher de Guaranho, que está previsto para esta segunda-feira. Também há previsão de fazer oitivas de todas as pessoas que estavam na festa. A delegada explicou que foi possível ouvir apenas uma pessoa num primeiro momento, pois as demais haviam consumido bebidas alcoólicas na comemoração do aniversário de Arruda.

Discussão entre Guaranho e Arruda

A delegada relatou que o aniversariante reagiu ao comentário do motorista arremessando na direção do carro alguns pedregulhos de uma planta próxima a ele. Ela comentou que, sobre este momento, também há imagens as quais a Polícia Civil já teve acesso. Em seguida, o agente penal ameaçou o guarda municipal, sacando sua arma. Ele teria dito que voltaria.

— De fato, ele voltou. E quando ele retornou, ocorreu toda a tragédia — acrescentou Cardoso.

O momento dos tiros
Um vídeo captado pela câmera de monitoramento do local da festa de aniversário momento em que Arruda se defendeu do ataque a tiros de Guaranho. Assista:

Os investigadores também vão analisar nessas imagens o momento em que algumas pessoas que aparecem chutando Guaranho, quando ele já está baleado e caído. Cardoso disse que os agentes vão buscar identificá-las, além de verificar se algum golpe prejudicou a condição de saúde do agente penal.

Outro ponto a ser investigado, de acordo com a delegada, é o porquê o agente penal foi até o local da festa, pois ao que tudo indica, ele não era convidado. No entanto, a investigação quer saber também se Arruda e Guaranho já se conheciam, pois o agente penal é diretor do local onde ocorria a festa.

Globo