Damares se estranha com aliado de Malafaia

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Foto: Montagem com fotos de Pablo Jacob/Agência O Globo e Paulo Sérgio/Agência Câmara

A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos) entrou em rota de colisão com o líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ao se lançar candidata ao Senado pelo Distrito Federal, cadeira que disputará contra outra ex-ministra Flávia Arruda (PL), que foi titular da Secretaria de Governo. O parlamentar acusa Damares de dividir os votos da direita e classifica sua candidatura como “desserviço de última hora”. Ao GLOBO, ela rebate as críticas: “ele cuide do Rio de Janeiro, que do DF cuido eu”.

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Na avaliação do congressista, a decisão de Damares correr numa raia em que já há uma candidata da base do governo vai beneficiar a esquerda.

— Nos 45 minutos do segundo tempo aparece a Damares com a candidatura avulsa. Isso pode fragmentar os votos da direita e dar a vitória ao PT, pois a esquerda só tem uma candidata a senadora — justificou Sóstenes.

O congressista diz que a ex-ministra só mira os próprios interesses:

— Damares faz política com olhar pessoal, nunca de grupo. Sua candidatura é desserviço em última hora.

O Republicanos lançou o nome da ex-ministra para concorrer à Casa Legislativa na semana passada, em uma reviravolta cenário da capital. Damares chegou a anunciar que havia desistido de se candidatar ao ser informada de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) iria apoiar Flávia Arruda (PL) para o Senado. Damares, porém, voltou ao páreo, encorajada pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que declarou publicamente o voto na ex-ministra.

Ao tomar conhecimento das primeiras críticas feitas por Sóstenes, Damares o bloqueou no Whatsapp, como informou o site “Metrópoles”. Embora ambos tenham suas trajetórias políticas vinculadas ao segmento evangélico, eles mantêm uma relação fria desde o início do governo. O deputado é extremamente ligado ao pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e conselheiro de Bolsonaro.

Neste domingo, o próprio Malafaia se pronunciou e também condenou o movimento da ex-auxiliar de Bolsoanro.

— Damares é abusada e tentou passar a frente de Bolsonaro — disse o pastor ao portal “Metrópoles”.

A ex-ministra rechaça a tese de Sóstenes a respeito da possível fragmentação do eleitorado conservador no Distrito Federal.

— Ele tem que pesquisa? Quais dados e números sobre a eleição para o Senado no DF ele tem? Ele tem que cuidar do Rio, a criminalidade lá está crescendo todo dia. Do DF, cuido eu (…). Eu não entro em briga com pastor, eu já tenho bandido demais para brigar — provocou.

No primeiro momento, Bolsoaro teria em seu palanque da capital o governador e candidato à releição, Ibaneis Rocha, e Damares concorrendo ao Senado. Os planos mudaram quando o ex-governador José Roberto Arruda (PL), marido de Flávia, ameaçou entrar na disputa contra Ibaneis. Nesse cenário, Bolsonaro aceitou apoiar Flávia para o Senado, desde que Arruda abrisse mão do governo para se candidatar a deputado. O acordo foi fechado, e Damares perdeu o posto.

Ela afirma, contudo, que o presidente não se posicionou contrariamente à sua decisão de manter-se no páreo:

— Eu não sou louca de fazer nada sem o apoio, a aprovação do capitão. Eu tenho um comandante na minha vida que se chama Jair Bolsonaro.

Diante da cizânia, Sóstenes afirmou que vai marcar uma reunião com a bancada evangélica em setembro para discutir a situação. Ele não detalhou, porém, se poderão ser tomadas providências práticas contra a candidatura de Damares.

Integrante da frente parlamentar evangélica, o deputado Lincoln Portella (PL-MG) bota água na fervura ao dizer que não vê problemas no fato duas ex-ministras competirem na urna pela mesma cadeira.

— Qualquer candidatura que surge dentro da cobertura do seu partido é democrática e republicana. Hoje não vejo problema na candidatura de Damares – afirmou.

O Globo