Explode participação feminina nestas eleições

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As mulheres avançam na política: sete candidatas à presidência e à vice estavam definidas ontem, no encerramento do ciclo de convenções partidárias.

É recorde nos últimos cem anos, desde que as ativistas Maria Lacerda de Moura, professora, e Bertha Lutz, bióloga, iniciaram em São Paulo um movimento feminista pela igualdade de direitos.

Quatro candidatas venceram todos os obstáculos dentro dos respectivos partidos: Simone Tebet (MDB), Soraya Thonickle (União Brasil), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU).

Duas delas, Simone Tebet e Soraya Thonickle, são senadoras pelo Mato Grosso do Sul, que abriga apenas 1,4% do eleitorado nacional. Ambas se destacaram numa arena parlamentar, a CPI da Pandemia, onde as mulheres não tinham direito a voz e voto, por decisão dos próprios partidos.

Houve uma rebelião que impôs à comissão parlamentar de inquérito uma “bancada feminina”, experiência reproduzida em outras comissões legislativas.

Na composição das chapas presidenciais, três mulheres foram escolhidas para vice-presidência: Ana Paula Matos (PDT), Samara Martins (União Popular) e Raquel Tremembé (PSTU). Haveria outra, Fátima Pérola Neggra, não fosse a incerteza absoluta derivada da confusão judicial em que se meteu o PROS, seu partido. Houve aumento expressivo da participação feminina na disputa pelo Palácio do Planalto. Se nada mudar até a segunda-feira dia 15, prazo para registro definitivo dos nomes, elas devem compor 36% das opções nas urnas eletrônicas para a presidência da República.

Ainda assim, a representação política de gênero continua defasada: mulheres são maioria (53%) no eleitorado — somam 82,3 milhões dos votos disponíveis contra 74 milhões dos homens.

Um aspecto curioso é que nesse contingente de eleitoras aptas a votar em outubro estão 87,4 mil com 100 anos de idade ou mais completados até o último 19 de julho, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

No país que já teve uma presidente, Dilma Rousseff, apeada do poder por impeachment, essa significativa ampliação do número de mulheres na disputa presidencial sinaliza mudança na pauta dos debates eleitorais, a partir da próxima semana. A desigualdade de gênero tende a permear a discussão dos problemas nacionais — objetivo de Maria Lacerda de Moura e Bertha Lutz na mobilização feminista pioneira de cem anos atrás.

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