Fala de Lula no JN sobre corrupção é bem recebida

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Foi preciso recorrer a uma “colinha” sobre a mesa, mas, no confronto mais temido por sua campanha, o da corrupção, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva deixou de brigar com a pauta. Tampouco apelou à vitimização. Reagiu de maneira mais propositiva do que defensiva. Vendeu seu eventual terceiro mandato como um governo de combate à corrupção ao nominar as medidas que adotou em seu governo: portal da transparência, lei de acesso à informação, lei anticorrupção, lei de lavagem de dinheiro e Coaf.

No JN, Lula não nega corrupção na Petrobras e cita investigações Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Lula Ciro Gomes é entrevistado por Valor, O Globo e CBN nesta sexta-feira “Só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado no meu governo. É se não cometer erro”, disse à bancada do Jornal Nacional. Preparado para uma pergunta que não apareceu, sobre um mea-culpa, o ex-presidente soltou a frase de efeito que parecia talhada para o momento: “Quero ser melhor do que fui”. Junto com a exaustiva exploração do seu vice, Geraldo Alckmin, foi a âncora da entrevista.

Entre as medidas deste enfrentamento, porém, não se comprometeu em manter a escolha do procurador-geral da República a partir do mais votado da lista tríplice a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). “Quero que eles fiquem com a pulga atrás da orelha”, disse. Numa frase que vai fazer a festa dos bolsonaristas nas redes sociais, completou: “Essa coisa de prometer o que se vai fazer antes de ganhar é um erro”.

Quando William Bonner disse que mudaria para economia, Lula levantou os braços aos céus, como se tivesse chegado à sua praia. Como de costume, o ex-presidente falou da virada que promoveu ao assumir, em 2003, para simbolizar o que é capaz de fazer agora: “Meus economistas diziam que o Brasil estava tão quebrado que eu perguntava pra eles por que queriam que eu ganhasse a eleição”.

Mas Bonner queria chegar no governo Dilma Rousseff. E Lula reagiu com bom humor ao contar que tinha encontrado a ex-presidente em São Paulo no fim de semana. “Ela me disse que vocês iam me perguntar sobre o governo dela e me pediu pra dizer que a chamassem que ela ia explicar o que fez”, disse. Reconheceu erros na política de combustíveis e nos R$ 540 bilhões de desoneração, mas disse que quando tentou mudar enfrentou a oposição dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Aécio Neves.

Indagado sobre a intolerância da militância com Alckmin, reagiu com bom humor: “Tô até com ciúmes do Alckmin de tanto que ele tem sido aplaudido no PT”. Vendeu a polarização entre petistas e tucanos como um tempo em que o Brasil era feliz e não sabia. Ressuscitou até o “nunca na história desse país”. E usou a audiência do Jornal Nacional para repetir a frase do educador Paulo Freire que emoldura a aliança: “É preciso estar junto com os divergentes para vencer os antagônicos”.

No capítulo do agronegócio fartou-se em frases que facilmente podem ser tiradas do contexto pelas redes sociais do bolsonarismo. Disse que o agronegócio não combatia sua candidatura por causa do MST, que virou “o maior produtor de orgânicos do país”, mas pelas políticas do PT em defesa do meio ambiente. E só então costurou. “O agro sério, que faz negócio com o exterior, não quer desmatar, quer preservar. Mas tem um monte deles que quer.”

William Bonner abriu a entrevista dizendo que o ex-presidente não devia nada a ninguém, numa referência à anulação de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal. Os bolsonaristas começaram a vociferar. A saraivada de perguntas sobre corrupção ainda estava por começar, mas Lula pegou a deixa. Foi mais sereno no conteúdo de suas respostas do que a vermelhidão de suas faces sugeria. Para quem entrou no jogo por um empate, situação que sua campanha via como vantajosa para quem está à frente nas pesquisas de intenção de votos, o ex-presidente saiu com saldo de gols.

Valor Econômico