Na ONU, Bolsonaro pode ser cobrado por golpismo

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Ao subir no palco da ONU, na próxima terça-feira para abrir a Assembleia Geral da entidade, Jair Bolsonaro estará diante de líderes e instituições que cobram uma coisa do brasileiro: o respeito pelas urnas.

O alerta é do americano Kenneth Roth, um dos principais ativistas de direitos humanos no mundo e diretor-executivo da Human Rights Watch. Bolsonaro, assim como nos anos anteriores, usará a tribuna das Nações Unidas para fazer sua própria campanha eleitoral.

“A principal mensagem para Bolsonaro na ONU é uma só: respeite os resultados das eleições”, declarou. Em sua avaliação, as “fantasias” do brasileiro são riscos reais para a democracia.

Ao longo das últimas semanas, entidades da sociedade civil convenceram congressistas americanos e autoridades europeias a ampliar o monitoramento em relação às eleições no Brasil. Essas entidades querem que a comunidade internacional reconheça, quase que imediatamente, o resultado das urnas, justamente para não dar espaço para que Bolsonaro questione o voto.

Para Roth, a democracia no Brasil apenas sobrevive graças às instituições nacionais que, segundo ele, conseguiram frear o presidente até agora. “Eu estou surpreso com o poder das instituições de resistir as tendências autocráticas de Bolsonaro”, afirmou.

“E essas tendências são severas. Eu não vou minimizá-las. Mas se você olhar para o papel da imprensa, sociedade civil, cortes e Congresso, a verdade é que eles se ergueram contra Bolsonaro e impediram que as coisas fossem ainda piores”, afirmou. Na avaliação do ativista, a resistência brasileira mostra a necessidade de controles e fiscalização ao Poder Executivo, em qualquer lugar do mundo. “E é por isso que pessoas como Viktor Orbán (primeiro-ministro húngaro) tentam minar esses controles na Hungria”, avaliou.

“Mas isso não funcionou no Brasil. Temos de reconhecer isso como uma força da democracia brasileira”, disse.

Mas apesar da resistência, Roth deixa claro que o cenário para as próximas semanas é de preocupação. “Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de opinião e Luiz Inácio Lula da Silva está em primeiro lugar. Se as pesquisas estão corretas, Bolsonaro vai perder. Mas ele está atuando como Donald Trump”, alertou.

“Por meses, ele tem atacado integridade do sistema eleitoral, dizendo que não pode ser confiado e está construindo as bases para passar por cima da democracia e ignorar os resultados da eleição. E isso é muito perigoso”, disse.

“Espero que as instituições brasileiras sejam capazes de resistir a isso. Assim como as americanas foram. Mas é uma ameaça muito séria, assim como Trump continua sendo uma ameaça para a democracia”, completou Roth.

UOL