Haddad e Tarcísio apostam em Lula e Bolsonaro

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Foto: O Globo

As vésperas da votação do primeiro turno, quem dita o ritmo da corrida ao governo de São Paulo são os padrinhos políticos dos mais bem colocados nas pesquisas. Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) vão passar as próximas horas colados em Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente. A exceção é o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta se descolar da polarização nacional para tentar chegar ao segundo turno, mas a estratégia ainda não surtiu efeito.

Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira, Haddad lidera com 41%, seguido de Tarcísio com 31% e Garcia, com 22%. Para o petista, a conquista do Palácio Bandeirantes no segundo turno está atrelada ao desempenho de Lula no maior colégio eleitoral do país. Hoje, os dois estarão lado a lado na região da Paulista junto com o vice de Lula, Geraldo Alckmin. Antes de ir às urnas no domingo, Haddad deve acompanhar o voto de Lula em São Bernardo do Campo, no ABC.

Tarcísio pegará carona hoje na garupa de Bolsonaro durante uma motociata pelas ruas da Zona Norte até o Parque do Ibirapuera. Autoridades estarão em alerta em razão do acirramento das tensões entre as campanhas e incidentes violentos em outros estados.

No duelo pela segunda vaga no segundo turno, se o clima entre apoiadores do ex-ministro de Bolsonaro é de otimismo, os tucanos vivem um momento de apreensão e veem mais longe a possibilidade de permanecer no poder. O estado é um dos últimos bastiões do PSDB, que comanda o Palácio dos Bandeirantes ininterruptamente há 28 anos.

Embora as agendas finais dos candidatos se concentrem na capital, o interior demandou mais atenção das campanhas. Com um eleitorado mais conservador, o ex-presidente Lula não consegue no interior paulista o mesmo favoritismo observado no plano nacional.

O interior tem 18 milhões de pessoas, contra 16 milhões na Região Metropolitana de São Paulo. Em 2018, João Doria (PSDB) derrotou Márcio França (PSB) com margem apertada: 51,75% dos votos válidos contra 48,25%. O tucano venceu em 60% das cidades do interior e foi eleito governador. Ainda assim, teve menos votos que França na capital.

Na tentativa de atenuar o antipetismo, Haddad fez uma série de viagens com Alckmin pelo interior. O ex-governador, que trocou o PSDB pelo PSB neste ano, terminou seu último mandato em 2018 com alta aprovação no interior. Ontem, os dois passaram por Campinas, Hortolândia e Piracicaba na companhia do candidato ao Senado da aliança, o ex-governador Márcio França (PSB), e de Marina Silva (Rede), candidata a deputada.

Tarcísio escolheu Ribeirão Preto e a capital paulista para uma carreata como um de seus últimos atos de campanha. Amanhã, ele vai votar pela manhã em São José dos Campos, no colégio Carlos Saloni, a cerca de 500 metros do local em que declarou como domicílio. Na semana passada, o bolsonarista não soube dizer o nome da escola ou o bairro onde ela ficava numa entrevista. Em seguida, volta a São Paulo para acompanhar a apuração na casa do ex-ministro Guilherme Afif Domingos.

Na campanha de Tarcísio, um segundo turno contra Haddad é visto com otimismo. Apesar de as pesquisas mostrarem vantagem do petista, aliados dão como certo que o bolsonarista herdará a maior parte dos votos de Garcia, ainda que o governador permaneça neutro no segundo turno.

Entre os aliados de Garcia, ainda há esperança de alteração do quadro, embora o abatimento seja visível. Em ato no Centro de São Paulo ontem, integrantes da campanha minimizavam o crescimento de Tarcísio no Datafolha. Nos bastidores, especulavam um apoio maior ao governador nas cidades menores com um “exército” de prefeitos aliados. No controle da máquina estadual, Garcia tem o apoio de cerca de 500 dos 645. Os estrategistas de Garcia veem os votos de Tarcísio cristalizados pelo bolsonarismo e só veem possibilidade de ultrapassá-lo tirando votos de Haddad. Por isso, a tática na reta final é explorar o antipetismo.

O Globo