Lula congela “carta a evangélicos”

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Foto: Andre Borges / AFP

A entrega da carta aos evangélicos elaborada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi adiada. A correspondência assumindo compromissos com o público religioso estava prevista para ser divulgada em um evento neste sábado em São Paulo. Mas a data foi adiada por falta de consenso entre integrantes do comitê e por causa da preparação do candidato do PT para o primeiro debate na TV no segundo turno. A nova data da divulgação da mensagem deverá ser discutida na próxima segunda-feira.

O texto da carta, em discussão desde a última semana, ainda não está fechado. Petistas e pastores avaliam várias versões do formato e do conteúdo da mensagem. A avaliação interna da campanha é que qualquer deslize na correspondência poderia representar um tiro no pé a um público do qual Bolsonaro já tem a maior parte do apoio.

A palavra final sobre o texto, no entanto, será de Lula. Auxiliares do petista envolvidos na elaboração da carta afirmam que a entrega do documento será feita em um evento entre o ex-presidente e lideranças evangélicas.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é um dos nomes que têm auxiliado na elaboração do texto. A parlamentar defende que a mensagem deixe claro que, se eleito, Lula fará um governo com mais diálogo com os evangélicos e com participação de religiosos na formulação de políticas públicas.

Integrante da Assembleia de Deus, Eliziane afirma que Lula se demonstrou receptivo às demandas que vem sendo apresentadas:

— O documento tem a intenção de desarmar um clima orquestrado por fake news, por mentiras para inviabilizar um debate importante sobre quem de fato é a melhor opção para governar o país. As mentiras, o uso de temas polêmicos têm sido minuciosamente propagadas para dar uma impressão errada sobre o ex-presidente. É preciso deixar claro que com Lula, pastores não serão recebidos em salinhas clandestinas, às escondidas. Teremos uma participação clara, efetiva e transparente — afirma a senadora ao GLOBO.

Além da falta de consenso, pesou na decisão de adiar a divulgação da carta a preparação de Lula para o debate promovido pela TV Bandeirantes, que ocorre no domingo à noite. Este será o primeiro confronto direto no segundo turno entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Até a manhã desta sexta-feira, a agenda do ex-presidente no sábado estava fechada para a discussão de estratégias para o debate.

Lula encerra nesta sexta-feira um roteiro por quatro cidades do Nordeste. Desde quarta-feira, Lula fez atos em Salvador (BA), Aracaju (SE) e Maceió (AL), com caminhas e discursos em trios elétricos. Segundo aliados, o candidato precisa descansar e poupar a voz. Na quinta, durante discurso em Maceió, o petista já estava rouco e com falhas na voz. Hoje o petista fará novo ato em Recife (PE).

O PT tenta se aproximar de um segmento onde Bolsonaro tem ampla maioria de apoio. Pesquisa Ipec divulgada em 10 de outubro aponta que o atual presidente tem 63% das intenções de voto entre estes religiosos, enquanto Lula tem 31%. Há consenso na campanha petista de que não será possível reverter este cenário, os movimentos de Lula miram encurtar esta diferença.

O Globo