PSD quer 2 ministérios para apoiar Lula

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Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo, Ruy Baron/Valor DF e Sergio Lima / AFP

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, delegou a dois homens de confiança na Bahia —o deputado Antonio Brito e o senador Otto Alencar —a negociação sobre quem serão os dois ministros do partido no futuro governo Lula, mas já há favoritos despontando caso a sigla consiga duas pastas na Esplanada.

Kassab jura que não quer ser ministro e o senador Carlos Fávaro (MT) desponta como um dos favoritos do partido para assumir o Ministério da Agricultura. A outra vaga na Esplanada que poderia ser dada ao PSD pode vir do grupo político do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Kassab afirma que, se o PT der uma vaga na Esplanada para um deputado federal do PSD, o escolhido será Pedro Paulo Carvalho, braço-direito de Paes e nomeado ontem para a equipe de transição de Lula.

Depois da derrota de Alexandre Kalil em Minas logo no primeiro turno e da imersão de Kassab na campanha de Tarcísio de Freitas em São Paulo, o Rio tornou-se o estado do Sudeste em que PSD e PT mais estiveram próximos na campanha do segundo turno. Embora negue que esteja trabalhando para emplacar Pedro Paulo na equipe de Lula, Paes vem acenando aos petistas do Rio mesmo depois do término da eleição. No domingo, a colunista Berenice Seara, do Extra, revelou que o prefeito quer dar duas secretarias para o PT e sugeriu que seu ex-vice entre 2012 e 2016, o ex-vereador Adilson Pires, assuma uma delas.

Há, no entanto, três desafios para Pedro Paulo ser chamado para um ministério de Lula: a área de atuação do deputado é a econômica, muito disputada por vários pretendentes e com poucas vagas oferecidas; a visão de mundo do parlamentar dos últimos anos de corte de despesas e defesa do teto de gastos não está alinhada com discursos recentes do presidente eleito; por fim, setores do PT não esquecem seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Aliados avaliam que, se tiver sucesso e for convidado, Pedro Paulo ganhará projeção para uma possível candidatura de vice-prefeito do Rio em 2024. O cargo ganha importância na medida em que espera-se a saída de Paes do posto no meio do mandato para concorrer a algum cargo majoritário em 2026. O desafio será convencer os partidos da base a apoiar uma chapa puro-sangue do PSD para prefeito. O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, também nomeado ontem na equipe de transição, é favorável à aproximação com Paes, mas avisa desde já que o partido quer indicar o candidato a vice da campanha de reeleição. Um nome de confiança do prefeito que poderia ter uma filiação aceita no PT para compor a chapa é o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. Ele foi candidato a vice-governador de Rodrigo Neves (PDT) e não está claro qual será o seu destino político no próximo ano.

A interlocutores, Paes afirma ser importante a consolidação da sua parceria com o PT no Rio, estado “ovo da serpente” do bolsonarismo, que deverá ter candidato para enfrentá-lo em 2024. Os dois principais nomes da esquerda no estado dizem que entendem a importância da união: tanto Marcelo Freixo quanto Alessandro Molon, deputados do PSB que ficarão sem mandato a partir do ano que vem, têm dito que não tentarão enfrentar o prefeito nas urnas daqui a dois anos.

O Globo