76% da Abin foram esvaziados por Bolsonaro
Luís Nova/Especial Metrópoles
Centro das discussões sobre a segurança nacional nas últimas semanas, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem mais da metade do quadro de servidores desocupada. De acordo com dados do governo federal, 76,2% das vagas na autarquia não estão preenchidas.
Os números são de dezembro de 2022 e foram coletados pelo Metrópoles na página de Dados Abertos do governo federal.
Ainda conforme aponta o site institucional, dos 4.572 cargos efetivos aprovados em lei na Abin, 3.484 estão vagos, ou seja, não foram ocupados. Os demais 1.088 estão preenchidos.
Segundo as informações divulgadas pelo governo federal, a maior parte dos cargos vagos (1.419 posições) é para o posto de oficial de inteligência.
Em seguida, estão os cargos de agente de inteligência, com 875 postos vagos, e de oficial técnico de inteligência, com a vacância de 330 servidores.
As três tarefas também são, respectivamente, as que têm maior número de vagas aprovadas em lei na Abin.
A Abin
Entre outras atribuições, a autarquia é responsável por “fornecer ao presidente e a seus ministros informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis necessárias ao processo de decisão”, conforme consta na página oficial do órgão.
Além disso, a agência também cuida de análises sobre oportunidades e ameaças relacionadas a temas como “proteção de fronteiras nacionais; segurança de infraestruturas críticas; contraespionagem; terrorismo; proliferação de armas de destruição em massa, relações internacionais; segurança das comunicações”.
Concurso
O último concurso realizado pela Abin, em 2018, ofertou 300 vagas efetivas na agência: 220 para oficial de inteligência (com salário de R$ 16.620,46); 60 para oficial técnico de inteligência (com salário de R$ 15.312,74); e 20 para agente de inteligência (com salário de R$ 6.302,23).
As 300 vagas foram preenchidas com nomeação oficializada pelo órgão. No entanto, os demais 409 aprovados no certame pedem a convocação na Abin, diante da vacância de cargos na agência.
Cargos Vagos e Vacâncias
Em setembro de 2021, o Ministério da Economia autorizou a nomeação de 75 excedentes do concurso, o que representa 25% do quadro de vagas abertas no certame. Desde julho de 2022, a Comissão de Aprovados no processo seletivo pede a nomeação dos 409 candidatos excedentes. O grupo chegou a protocolar ofício junto ao Ministério da Economia, mas ainda não obteve retorno.
“A gente está nessa expectativa há quatro anos. Nesse período, além dos 300 que eram obrigados a ser nomeados, nomearam mais 25% das vagas. Sobraram 409. É totalmente desproporcional, porque a Abin tem quase 80% dos cargos vagos”, defende Everton Aguiar de Oliveira, membro da comissão de aprovados.
Restruturação
A convocação dos aprovados também constitui uma demanda dos servidores que já integram o quadro de funcionários da Abin.