Governador de SP nomeia mais bolsonaristas

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Foto: Reprodução

Embora tenha prometido pautar seu governo por escolhas técnicas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem usado o segundo escalão e outros cargos no Palácio dos Bandeirantes para abrigar bolsonaristas e aliados do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD), secretário de governo.

As indicações para o segundo escalão e outros cargos de governo têm ajudado a acalmar os ânimos de aliados bolsonaristas, que se incomodaram com a nota de repúdio aos atos golpistas publicada por Tarcísio e os encontros do governador com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador esteve com o petista em duas ocasiões nesta semana: na reunião com outros chefes dos Executivos estaduais e numa agenda particular, também em Brasília, ao lado de Kassab e dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).

A mais recente nomeação publicada no Diário Oficial foi a de Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Diego foi presença constante na campanha de Tarcísio e ajudou a injetar uma dose extra de bolsonarismo na candidatura do ex-ministro, além de aproximá-lo dos apoiadores do ex-presidente.

No Palácio dos Bandeirantes, Diego será assessor especial do governador. Trata-se de um cargo de confiança cujo salário é de R$ 21,5 mil.

Outro que se aproximou do bolsonarismo e que estará no Palácio dos Bandeirantes é Filipe Sabará, ex-afilhado político do ex-governador João Doria (sem partido), de quem foi secretário de Assistência e Desenvolvimento. Expulso do Novo durante a eleição municipal paulistana de 2020, acusado de mentir em seu currículo, Sabará tem se movimentado na direção do bolsonarismo nos últimos anos e se tornou um dos principais apoiadores de Tarcísio no pleito estadual.

Tarcísio também agradou a correligionários com a escolha do policial bolsonarista Eduardo Aggio de Sá como novo diretor-presidente do Detran-SP. Ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal, Aggio se tornou um dos braços direitos do ex-presidente Jair Bolsonaro no Planalto, quando ocupou a subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil. Era, também, rosto conhecido nas transmissões ao vivo semanais de Bolsonaro.

Kassab, por sua vez, emplacou Marcos Penido como seu assessor adjunto. Penido já participou de diversas gestões tucanas, mas sempre teve relação próxima com Kassab e é tido como um nome da cota pessoal do ex-ministro.

Outro nome do PSD será Rafael Ganzerli Auad, nomeado como Assessor Técnico de Gabinete IV da Secretaria de Governo e Relações Institucionais. Auad é secretário nacional do PSD Jovem e trabalhou com Kassab na Casa Civil, também como assessor técnico, durante a gestão Doria.

Antes disso, aliados de Kassab foram indicados para algumas das principais secretarias da gestão: Marília Marton (Cultura e Economia Criativa), Eleuses Paiva (Saúde) e Marcelo Cardinale Branco (Habitação).

A nomeação de poucos secretários mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro para o primeiro escalão desgastou a relação de Tarcísio com o núcleo duro bolsonarista, sobretudo com deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que nos bastidores reclamam de desprestígio da Casa junto ao governador. Das 24 pastas da gestão Tarcísio, cinco estão sob o comando de secretários alinhados ao bolsonarismo: Guilherme Derrite (Segurança Pública), Sonaira Fernandes (Política para as Mulheres), Helena Reis (Esportes), Roberto de Lucena (Turismo) e Gilberto Nascimento Jr (Desenvolvimento Social).

Parlamentares bolsonaristas se queixam da ausência de quadros da chamada ala ideológica, principalmente em pastas com orçamentos maiores e peso político. Também houve críticas sobre a falta de consulta à base em decisões que afetam os deputados, como a escolha do próximo presidente da Assembleia — Tarcísio já sinalizou que irá apoiar André do Prado (PL), aliado de Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do partido, e nome que tem o aval do PT. Bolsonaristas defendiam que a presidência da Casa fosse de um bolsonarista, como o deputado Gil Diniz (PL), ou de alguém do Republicanos.

O Globo