PF confisca celular do governador afastado de Brasília
André Cruz – Agência Brasil
A defesa do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), entregou o aparelho celular dele à Polícia Federal na tarde desta segunda-feira. O telefone estava entre os alvos do mandado de busca e apreensão realizado em endereços ligados a Ibaneis na última sexta. No entanto, como o governador afastado estava viajando, o aparelho não pôde ser confiscado. Dois computadores e documentos já estavam em posse da PF. A intenção da defesa com a apresentação do aparelho é endossar a tese de que Ibaneis não tem nada a esconder das autoridades no que diz respeito às investigações dos atos terroristas do último dia 8.
Além da casa dele, mandados de busca e apreensão foram cumpridos no antigo do escritório de advocacia de Ibaneis e na sede do Palácio Buriti, sede do governo do DF. As medidas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a partir de pedidos da PGR. O objetivo é buscar provas para instruir o inquérito instaurado para apurar condutas de autoridades públicas que teriam se omitido na obrigação de impedir os atos terroristas. As medidas cautelares foram requeridas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
Na ocasião, o advogado de Ibaneis disse ao GLOBO não temer as apreensões feitas em endereços ligados a seu cliente.
— O governador não tem nada a esconder, um mandado de busca e apreensão visa colher provas, mas neste caso, não há motivos para temor — disse Toron.
Em publicação no Twitter, Ibaneis afirmou que não há “nada” que possa ligar ele “aos golpistas que atacaram os três Poderes” e disse que sempre quis “colaborar com as investigações” e que mantém essa postura. O governador afastado afirmou também que mantém a “fé em nosso sistema Judiciário e a certeza de que tudo restará esclarecido”.
Depoimento prestado
Ibaneis prestou depoimento à Polícia Federal na última semana. O comparecimento dele foi um pedido da própria defesa, que se antecipou a uma intimação.
Os advogados afirmaram em documento enviado ao Supremo que o plano de segurança elaborado para a manifestação do último dia 8 sofreu “atos de sabotagem” das forças de segurança locais e acusa policiais de terem agido com “conivência” e “colaboração” com os manifestantes golpistas e de terem cometido “deserção”. A peça foi encaminhada a Moraes.
No documento, os advogados admitem que a primeira impressão é de que houve “aparente falta de preparação para os atos anunciados”, mas argumentam que “diversos agentes aos quais incumbiam a execução do protocolo de ação seguiram pela inaceitável e criminosa linha da conivência e da colaboração com os grotescos atos terroristas, tudo à revelia do que havia sido previamente alinhado”.