PMs começam a responder amanhã por apoio a terroristas
Imagem: Reprodução/Twitter/ana_flor
Ficará a cargo da Corregedoria da PM (Polícia Militar) definir por quais crimes eles vão responder. No domingo das invasões e depredações em Brasília, havia até soldados tirando selfies e outros confraternizando com golpistas enquanto tomavam água de coco.
“A PM está fazendo investigações, está apurando e abrirá, até sexta-feira, os inquéritos para apurar a conduta de policiais que eventualmente se comportaram fora daquilo que era previsto.”
Ricardo Cappelli, interventor federal no DF
Ontem, Cappelli disse que não sabe quantos policiais militares passarão a responder inquérito policial militar, mas adiantou que esta é a primeira leva e novos casos podem ser abertos. Na terça-feira (10), o interventor se reuniu com dois corregedores da PM para tratar do assunto.
Algumas medidas já foram tomadas por outros órgãos: O comandante da PM no domingo da invasão foi preso; A Procuradoria do Distrito Federal cobrou explicações sobre as supostas omissões. Investigados continuam na rua? Não foi revelado se os policiais identificados com comportamento omisso diante dos invasores continuarão na rua.
O UOL Notícias questionou duas vezes o comandante da corporação, coronel Klepter Rosa, na saída de uma coletiva realizada ontem. Ele não respondeu. Virou as costas e entrou numa sala inacessível à imprensa. Voltou quando um jornalista questionou qual era o nível insubordinação das tropas da PM no Distrito Federal. A reposta foi firme: “Nenhuma”.
Interventor fala em falta de comando Cappelli adota a tese de que os policiais militares não são indisciplinados e que a omissão de domingo ocorreu por falta de liderança. O discurso do interventor é que o ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, exonerou a cúpula da pasta e viajou para os Estados Unidos deixando a cadeia de comando acéfala.
Ontem, o interventor afirmou que não há possibilidade de novas invasões e depredações. Durante o dia, a via de acesso à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ficou fechada e a segurança nas sedes dos Poderes foi reforçada —isso depois de apoiadores de Bolsonaro terem convocado novos atos por todo o país. Não houve registro de incidentes. Policiais militares observam golpistas a caminho da Praça dos Três Poderes Imagem: Leonardo Martins/UOL Como funciona o inquérito policial militar Uma investigação na PM tem características diferentes de um inquérito na Polícia Civil.
Um oficial é designado para comandar o caso. Ele cumpre a atribuição do delegado e pede perícias e depoimentos. As perícias podem ser feitas por PMs e técnicos das polícias Civil e Federal. Casos mais leves são enquadrados como transgressão de disciplina e têm solução administrativa.
Infrações graves resultam num inquérito policial militar e o Ministério Público entra no caso. A investigação é feita de forma individualizada e as ações são avaliadas conforme o contexto, segundo um oficial da PM. Ele usou o caso dos policiais que tomavam água de coco com golpistas como exemplo.
Disse que a situação será enquadrada como grave se a invasão estivesse em andamento. Se naquele momento os extremistas estavam longe da Praça dos Três Poderes, a conduta é considerada menos grave.