Última viagem oficial de Lula à Argentina tem 13 anos

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Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será recebido nesta segunda-feira pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, em Buenos Aires, na primeira viagem internacional do petista após tomar posse. O mandatário brasileiro voltará à Casa Rosada, sede do governo local, na condição de chefe de Estado depois de 13 anos. O encontro marcará uma nova fase da relação entre os dois países, abalada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que procurava se manter distante do mandatário vizinho por falta de alinhamento ideológico.

Com a visita a Buenos Aires, Lula retoma a tradição da diplomacia brasileira de a Argentina ser o primeiro destino dos presidentes após chegarem ao Palácio do Planalto. O petista terá como foco principal reaproximar a agenda econômica entre os dois países. Lula e Fernández assinarão um acordo de cooperação logística e de desenvolvimento nas áreas de ciência e tecnologia voltada à Antártida, onde o Brasil mantém uma base militar.

Os dois presidentes deverão discutir parcerias com “efeitos concretos rápidos”, como as ligadas a crédito e exportação, segundo o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim. Ele ocupou o posto durante o primeiro período mandato de Lula no Planalto e hoje é assessor especial do presidente para assuntos internacionais.

— A relação com a Argentina é a base de toda a integração com a América Latina — resume Amorim.

O presidente brasileiro vai reencontrar a Argentina numa situação difícil, num cenário de instabilidade política e econômica. Maior parceiro comercial do Brasil no Mercosul, o país registrou no ano passado uma inflação anual de 94,8%, a maior em 32 anos.

Durante a campanha eleitoral brasileira, o governo argentino entregou a Lula uma proposta de acordos entre os dois países. Eles preveem integração nas áreas financeiras, como cooperação entre bancos públicos, energética, mineral e do agronegócio, com a eliminação de barreiras sanitárias bilaterais. Os argentinos também propõem integração das fronteiras, no que se refere às áreas de defesa, saúde e educação. De acordo com Celso Amorim, todos esses pontos estão sendo analisados com boa vontade pelo governo, que irá elencar os pontos de maior interesse para o Brasil.

Agenda com empresários

Após reunião na Casa Rosada, Lula e Fernández participarão de um encontro com empresários argentinos e brasileiros no Museu do Bicentenário. O petista vai cumprir as agendas acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social). Com ida à Argentina, Lula retribui uma visita simbólica de Fernández, seu amigo pessoal. O presidente da Argentina esteve em São Paulo no dia seguinte ao da vitória do presidente, em novembro do ano passado.

Na terça-feira, Lula estará na cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Ele vai discursar sobre o retorno do Brasil a este fórum e o compromisso com a integração entre os representantes da América Latina. A Celac é formada por todos os 33 países da região latino-americana e caribenha e está sob o comando do presidente argentino Alberto Fernández.

O Globo