Vândalo que queima-roupa antiguidade deixou para trás itens da “grife” Bolsonaro
Reconhecido por testemunhas como o homem que destruiu o relógio de Dom João VI durante a invasão golpista em Brasília, o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos, abandonou há duas semanas a casa que alugava em Catalão, no interior de Goiás, deixando para trás uma série de elementos que ajudam a traçar seu perfil. Segundo apurou O GLOBO, no interior da residência foram encontrados uma Bíblia, um boné com o nome de Jair Bolsonaro e uma faca do tipo tático militar.
Como revelou O GLOBO, Ferreira foi apontado por quatro pessoas — incluindo uma irmã e um vizinho — como a mesma pessoa que aparece nas câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. A Polícia Federal o trata como foragido.
Na manhã de segunda-feira, dia seguinte à invasão, Ferreira foi visto por vizinho chegando em sua casa e, em poucos minutos, “saindo às pressas levando o que podia”.
O pintor Valderlei Gonçalves, que mora em um imóvel construído nos fundos do mesmo terreno e teve acesso ao interior da residência, disse que na casa havia restos de comida e roupas espalhadas pelo chão.
Na segunda de manhã ele colocou o que podia dentro do carro e desapareceu — disse Gonçalves.
Sobre o fogão, havia uma panela de arroz já pronto. Na quinta-feira (19), quatro dias após Ferreira ser visto pela última vez no imóvel, a comida já estava mofada e exalando mau cheiro. Também foi deixado para trás um aparelho de DVD, acessórios de computador e controles de videogame.
Na residência de Ferreira, a fachada da casa abandonada exibe uma bandeira do Brasil e um adesivo com a foto, nome e o número de campanha de Bolsonaro colado na parte superior da portão de entrada de veículo.
Tanto vizinhos como pessoas que tiveram contato próximo a Ferreira relatam que ele era um bolsonarista ferrenho, que chegava a “brigar por causa do então presidente”.
— Eu vi na televisão. Era ele mesmo. Eu tenho 100% de certeza que é ele. Fiquei assustado: “Como assim, o Claudinho?” afirmou Zorzetti, acrescentando: — Pode ter passado na cabeça que aquilo (o relógio) era um vaso de planta ou um trem qualquer, sem ter noção que era um patrimônio histórico ou relíquia.
Informações levantadas por investigadores apontam que o automóvel de Ferreira foi flagrado na madrugada do dia 9 de janeiro por câmeras de uma rodovia dirigindo de Brasília para Catalão, a 314 quilômetros da capital federal. Em nota enviada ao GLOBO, a Polícia Civil de Goiás confirma que “tem contribuído com a Polícia Federal com informações sobre um suspeito de atos de vandalismo no Palácio do Planalto que teria moradia em Goiás”.