Yanomamis pedem que Lula os salvem dos garimpeiros e de Bolsonaro

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Antes da crise sanitária se instaurar de vez na Terra Indígena Yanomami, representantes da etnia gravaram um vídeo com pedido de ajuda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a ação de garimpeiros no local. Na gravação, uma das lideranças critica a gestão de Jair Bolsonaro e afirma que “o candidato derrotado matou o povo Yanomami”.

A gravação foi feita após Lula ser eleito. Em apelo à situação, o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa, compartilhou a mensagem no qual os indígenas dizem estar felizes com a vitória do chefe do executivo e que confiam na promessa de que Lula cuidará da floresta, da saúde e do povo Yanomami.

“Liderança Lula, eu estou muito feliz por você. Você foi eleito de novo porque defende o povo Yanomami. Nós, Yanomamis, habitantes da terra, confiamos muito em você porque você é defensor da terra-floresta. Eu quero viver com saúde e quero continuar vivo. Quero criar os meus filhos. É isso que eu quero”, afirmou uma das lideranças no vídeo.

Um dos apelos principais foi para que as políticas contra o garimpo fossem mais eficientes. Atualmente, a atividade mineradora é uma das principais causadoras de doenças nos indígenas, e tem crescido desde 2016, com explosão no último quadriênio. Ela cria lagoas de água parada que servem de criadouros de mosquito, provocando uma explosão dos casos de malária. Sem atendimento ou medicamento, os indígenas vão adoecendo, numa curva exponencial típica de epidemia.

Além de contaminar a água com substâncias químicas, o garimpo provoca o assoreamento dos rios. Assim, crescem também os casos de diarreia.

“Eu não vou fazer amizade com garimpeiros. Eu quero que você retire os garimpeiros da terra yanomami. Não quero eles perto de nós. O candidato derrotado matou o povo Yanomami. Ele matou os nossos parentes. Eu estou muito triste e com muita raiva! Eu não quero minha terra destruída. Eu estou lutando pela minha terra”, continuou o representante da etnia, em pedido a Lula.

Mais de 33 mil voluntários

Para tentar reverter a crise de sanitária sofrida pelos Ianomâmis, o Ministério da Saúde divulgou que mais de 33 mil profissionais de saúde se inscreveram para ajudar o povo Yanomami junto à Força Nacional, de forma voluntária. O número expressivo representa pouco mais de um voluntário por indígena, visto que a etnia possui cerca de 30 mil pessoas.

As inscrições estão sendo realizadas desde a última semana, e podem participar profissionais de saúde, sejam do SUS, do serviço público ou da iniciativa privada, profissionais de hospitais filantrópicos ou de serviços privados que não prestam assistência ao SUS.

É permitida a entrada apenas de profissionais formados, graduados ou técnicos, no caso de técnicos de enfermagem, mas que tenham registro no seu devido conselho.Residentes médicos e multiprofissionais podem se inscrever, desde que devidamente certificados.

A Força Nacional do SUS disponibiliza passagens para o voluntário do local de residência até o local onde ocorrerá a missão. Além disso, são fornecidas diárias para o custeio com alimentação e estadia. A grave situação de crise humanitária vivida pela população indígena Ianomami fez com que o número de voluntários dispostos a ajudar crescesse 700% de dezembro a janeiro.

O Globo