Em evento com extremista, Bolsonaro pragueja sobre fim do governo Lula

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Chandan Khanna/AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro realizou nesta terça-feira 31, seu primeiro evento público desde que viajou para os Estados Unidos, antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em alguns dos highlights da palestra, ele disse que o novo governo “não vai durar muito tempo” e que alguns dos envolvidos na invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram injustiçados.

“Se esse governo continuar na linha que demonstrou nesses primeiros trinta dias, não vai durar muito tempo”, disse, sem deixar claro em que sentido o mandato de Lula poderia ser encurtado.

Na palestra, Bolsonaro voltou a criticar os ataques ao Palácio da Alvorada, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso em 8 de janeiro, que ele disse terem sido cometidos por “alguns inconsequentes”.

“Aquilo não é a nossa direita. Não é o nosso povo”, disse, fazendo eco ao seu pronunciamento logo após o ocorrido.

No entanto, ele fez a ressalva de que as punições contra os invasores têm sido indiscriminadas, que há “muita gente injustiçada lá” e as ações precisam ser “individualizadas”.

O evento em Orlando foi organizado pelo grupo Yes Brazil USA, que cobrou US$ 10 por ingressos comuns e US$ 50 por ingressos VIP.

Nova carreira?

Palestras como essa podem tornar-se recorrentes na agenda de Bolsonaro. Na segunda-feira 30, ele pediu um visto de turista para permanecer mais tempo nos Estados Unidos, e no evento da terça-feira afirmou que vai ficar “mais algum tempo” no país.

Suspeita-se que, com os bicos de palestrante, ele pode tentar adquirir um visto de trabalho da categoria “Extraordinary Ability” (“Habilidades Extraordinárias”), que permite estadia por até três anos.

Seu próximo compromisso, inclusive, já tem data: sexta-feira, 3. Ele irá palestrar em um evento em Miami, realizado pela Turning Point USA, uma organização americana associada ao ataque ao Capitólio de 2022, quando uma turba de apoiadores de Donald Trump tentou impedir a certificação da eleição de Joe Biden.

O fundador da Turning Point, o americano Charlie Kirk, é apontado como parte da engrenagem que ajudou a financiar o comício de Trump que precedeu a invasão do Congresso americano.

Uma explicação para sua permanência nos Estados Unidos é que Bolsonaro é alvo de diferentes ações que pedem a sua inelegibilidade por abuso de poder nas eleições e também está mira de apurações sobre os ataques de 8 de janeiro como tendo sido o seu principal incentivador por causa de suas inúmeras declarações golpistas.

Na plateia do evento desta terça-feira estava presente o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira desde 2021, a quem o ex-presidente se dirigiu diretamente.

“Vários brasileiros que querem voltar para o Brasil, mas estão temerosos com a sua liberdade lá em nosso país”, disse ao blogueiro.

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