Haddad diz que inflação em queda torna juros inexplicáveis

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Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar a taxa de juros no Brasil, ao participar de um jantar com empresários, banqueiros e grandes nomes do mercado financeiro na noite de quarta-feira (15/2), em Brasília.

O encontro foi promovido pela Esfera Brasil, grupo que reúne líderes empresariais de diversos segmentos da economia. O presidente do conselho da Esfera, João Camargo, em entrevista publicada pelo Metrópoles no fim de semana, antecipou que o encontro seria realizado nesta semana e rasgou elogios a Haddad.

Aos empresários, o ministro da Fazenda afirmou ainda que é necessário “fortalecer” o Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão com poder deliberativo sobre o sistema financeiro brasileiro e responsável por definir normas e diretrizes gerais para o seu funcionamento. O CMN tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito no país.

Haddad participa nesta tarde da primeira reunião do CMN sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

“Todo mundo está com meta de inflação de 2% a 3%, mas com juros negativos. Quem tem juros positivos, na realidade, tem juros que são metade do Brasil. Uma taxa de 8% de juro real, como a nossa, não tem explicação”, criticou Haddad.

Durante o jantar com empresários, que aconteceu no Lago Sul, área nobre de Brasília, Haddad afirmou que a reforma administrativa não será capaz, por si só, de reduzir as despesas públicas de forma significativa.

“Não acho que a reforma administrativa precise estar à frente (de outras reformas). É ilusório achar que a reforma administrativa vai ter grandes ganhos em cortes de despesas. Melhor que a reforma administrativa é digitalizar serviços, fechar torneiras de auxílios. Podemos atacar penduricalhos na reforma tributária sobre a renda e acabar com algumas isenções”, salientou.

Haddad reiterou que a prioridade do governo no primeiro semestre deste ano é aprovar pelo menos uma parte da reforma tributária no Congresso. “O Congresso só não aprovou a tributária porque o governo anterior cismou com a CPMF. O (Guilherme) Afif já procurou o (Gabriel) Galípolo (secretário-executivo do Ministério da Fazenda) para vender a CPMF. Quem acha que o setor de serviços vai perder na reforma está fazendo a conta errada”, disse.

No jantar, o ministro da Fazenda agradeceu pelo empenho dos empresários para que fosse viabilizado um acordo em relação ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Pelo acordo, o governo mantém o voto de qualidade definido por uma Medida Provisória (MP) assinada por Lula, em janeiro, o que garante vitória da Fazenda Nacional em caso de empate em litígios no Carf, e abre mão da aplicação de multas aos contribuintes que aceitarem parcelar suas dívidas em 12 meses.

“Esse gesto dos empresários foi muito importante. Fizeram chegar ao Congresso a sua concordância com as medidas fiscais que estamos tomando para melhorar as contas públicas e permitir a redução da taxa de juros”, disse Haddad.

Metrópoles