Rafael Corrêa vê Lula salvando esquerda Latino-americana

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Foto: EBC

Um dos representantes da primeira onda de governos de esquerda na América do Sul no início dos anos 2000, Rafael Correa, ex-presidente do Equador, vê mais fragilidades e heterogeneidade no movimento atual, que engloba Brasil, México, Colômbia, Chile e Argentina. Conservador nos costumes, Correa critica as pautas identitárias e acredita ser um erro colocá-las no centro das discussões do campo progressista.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o economista fez uma análise de alguns presidentes da região. Classifica Gabriel Boric, presidente do Chile, como “um pouco menos que um social-democrata” e critica sua política externa e seus posicionamentos contra a Nicarágua e Venezuela – sobretudo por desconsiderar o bloqueio econômico ao país de Maduro.

Lula é “um dos mais brilhantes estadistas da história da América Latina”, que faz um governo de coalizão e prevê muitas dificuldades em seu mandato, com uma oposição “disposta a tudo, como já demonstraram”. Ao mesmo tempo, disse em outras entrevistas que a América Latina ganha esperança com o petista no poder.

A relação do continente com os EUA pouco mudou, seja com Trump ou Biden, já que, por exemplo, o democrata não revogou as sanções impostas à Venezuela durante o governo do republicano. Mas existe uma diferença entre os dois: “Trump é um imbecil. Biden não”.

As pautas identitárias e seu conservadorismo nos costumes criam uma distância entre ele e os movimentos de esquerda da segunda década deste século. É possível imaginar que despreze o “todes”. “É um erro colocar isso como central em nossa agenda. Sim, são problemas, têm que ser tratados com muito respeito. Mas nem sequer resolvemos os problemas do século 18, as grandes contradições, a pobreza generalizada, a desigualdade, a exploração. (…) Estamos no continente mais desigual do planeta. E hoje ficamos brigando sobre casamento gay, aborto em qualquer momento,” dispara.

Correa afirma ser contra o aborto e, apesar de respeitar o casamento gay, diz que a união entre homem e mulher é o “correto”. “Essa ideia de gênero, que um garoto de 12 anos se sente mulher, é uma loucura terrível”. E não teme as críticas por seu posicionamento: “ Se isso é ser de esquerda, não sou de esquerda”.