Bolsonaro pede para si benefício que negou a Lula

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Foto: SILVIO AVILA/AFP

Bolsonaro diz que, no Brasil, não é preciso ser culpado para ser condenado, mas não estende esse benefício da dúvida a Lula nem com ele tendo tido condenações anuladas por fraude processual de Sergio Moro. Confira a matéria

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Desde que passou a ser alvo de uma ação que pode torná-lo inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu uma série de declarações sobre o assunto, passando pela descrença sobre ter seus direitos políticos cassados, por reclamações sobre estar sendo injustiçado e, mais recentemente, flertando com a aceitação de um possível desfecho negativo aos seus planos de concorrer ao cargo novamente em 2026.

O TSE volta a se reunir nesta quinta-feira para julgar o processo que pode determinar a inelegibilidade do ex-presidente. O colegiado vai analisar uma ação movida pelo PDT por questionamentos feitos pelo ex-mandatário ao processo eleitoral, sem apresentar provas, em uma reunião com embaixadores realizada em julho de 2022.

Confira as principais falas de Bolsonaro sobre a possibilidade de ficar inelegível:

14 de março
Ainda nos Estados Unidos, ele reconheceu a possibilidade de ficar fora de eleições por oito anos:

—Infelizmente, em alguns casos no Brasil você não precisa ter culpa para ser condenado. Então existe essa possibilidade de inelegibilidade, sim. A questão de prisão, só se for uma arbitrariedade.

30 de março
Em entrevista à Jovem Pan, disse que não considerava a hipótese de avanço do processo:

—O advogado do partido está tratando desse assunto. Eu não vejo materialidade em nada. A ação mais forte contra mim é uma reunião com embaixadores em meados do ano passado. Por quê? A política para tratar com embaixadores é prerrogativa minha. Não vejo motivo para me julgar inelegível por isso.

14 de junho
Às vésperas do julgamento, Bolsonaro disse estar preparado para “aconteça o que acontecer”. Na ocasião, ele participou do evento de filiação do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga ao PL.

—A gente sabe como é a política brasileira, e já sabemos também como é a Justiça aqui no Brasil. Então a gente se prepara para que aconteça o que acontecer, a gente se prepara para buscar alternativas. Acredito em Deus, acredito neste país.

21 de junho
Na véspera do julgamento, o ex-presidente expressou um tom de desânimo e reconheceu que as chances de ser condenado são grandes.

—Hoje em dia, é quase uma unanimidade que vou perder a ação. Essa é uma verdade— disse à CNN Brasil.

22 de junho
No dia seguinte, chamou de “afronta” a possibilidade de ficar inelegível:

—Na minha idade, eu gostaria de continuar 100% ativo na política. Tirando os seus direitos políticos, que, ao meu ver, é uma afronta, você perde um pouquinho desse gás— afirmou à Folha de S. Paulo.

23 de junho
Na sexta-feira, em Porto Alegre, Bolsonaro afirmou que não quer perder os direitos políticos e levantou a hipótese de se candidatar novamente:

—Lógico que eu não quero perder meus direitos políticos. Até eu falei outro dia, né: estou pensando em ser candidato a vereador no Rio de Janeiro. Qual o problema? Não há demérito nenhum. Até vou me sentir jovem, porque geralmente a vereança é para a garotada, para os mais jovens, é o primeiro degrau da política. Em 2026, se estiver vivo até lá, e também elegível, se essa for a vontade do povo, a gente vai. Disputo novamente a presidência.

25 de junho
No domingo, Bolsonaro chamou o julgamento de “politiqueiro”, mas ponderou que um possível resultado negativo “não será o fim do mundo

—É um julgamento politiqueiro, não era nem para ter sido recepcionada a ação. Por ter me reunido com embaixadores. É brincadeira. E tem uma jurisprudência de 2017, julgamento da chapa Dilma-Temer, que simplesmente deixou de existir agora para esse julgamento meu. Então, a gente vai ver o que acontece, eu não vou adiantar o resultado aqui, mas não será o fim do mundo — afirmou à Rádio Bandeirantes.

26 de junho
Na segunda-feira, o ex-presidente afirmou ser “injusto” alegar que ele atacou a democracia ao reunir embaixadores em Brasília para deslegitimar o processo eleitoral brasileiro.

— É justo cassar os direitos políticos de alguém que se reuniu com embaixadores? Não é justo falar “atacou a democracia”. Ninguém é insubstituível. O que acontece no momento é que tem muita gente aqui, muito mais competente do que eu, mas não tem o conhecimento nacional que eu tenho. E eu consegui o carinho de uma parte considerável da população — disse.

O Globo