Na moita, aliados de Bolsonaro cochicham críticas ao TSE

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já preparam uma movimentação caso a inelegibilidade do político, julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (29/6), se concretize.

A partir das 9h, o TSE retoma o julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que pode tornar inelegíveis o ex-presidente e seu candidato à vice nas eleições de 2022, general Walter Braga Netto.

No segundo dia de julgamento, na última terça (27/6), o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, votou pela inelegibilidade do ex-presidente até 2030 e livrou o ex-candidato a vice.

O ex-mandatário é investigado pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. A acusação é de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação (leia mais abaixo). A expectativa inicial era de que Bolsonaro acompanharia o julgamento em Brasília, na sede do Partido Liberal (PL), mas ele decidiu viajar para o Rio de Janeiro.

Procurados pelo Metrópoles, líderes da oposição filiados ao partido avaliam o julgamento como uma “injustiça”. No entanto, projetam um crescimento do bolsonarismo nos próximos meses, independentemente do resultado definido pela Corte Eleitoral.

“É um caso concreto em que vão tirar da jogada o presidente Bolsonaro para ele não concorrer [nas próximas eleições], mas vão tornar o Bolsonaro mais forte. A perseguição do Judiciário contra a direita, contra o bolsonarismo, contra o Bolsonaro, acaba fortalecendo o presidente. Ele vai se tornar o maior cabo eleitoral para quem quer que seja, quem ele escolher para ser candidato”, afirmou Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, em entrevista ao Metrópoles.

Entre os parlamentares bolsonaristas, a tese é de que o voto do relator da ação no TSE, Benedito Gonçalves, que se posicionou a favor da inelegibilidade, “não tem respaldo jurídico”.

“Estamos presenciando um desrespeito à democracia, que é a possível condenação de um presidente por crime de opinião. Se alguns hoje comemoram esse julgamento, o futuro pode reservar situações similares”, opinou o deputado Fernando Rodolfo (PL-PE).

Caso a inelegibilidade se concretize, parlamentares do PL já se preparam para recorrer à decisão da Corte Eleitoral. “Estaremos buscando os recursos devidos dentro da Constituição para que isso seja revertido. Caso não consigamos, o bolsonarismo não morre. Se Bolsonaro não puder ser candidato, o que eu não acredito, naturalmente o grupo ligado ao presidente Jair Messias Bolsonaro vai procurar uma alternativa que possa ser competitiva para as próximas eleições”, afirmou o deputado Lincoln Portela (PL-MG).

Nos últimos meses, o partido tem se mobilizado para definir nomes que possam substituir substituir Bolsonaro no pleito de 2026. O próprio ex-presidente tem citado o trabalho para pensar em novos candidatos caso seja impedido de concorrer. Além disso, Bolsonaro tem mentorado os filiados ao PL para definir nomes para as eleições municipais de 2024.

Caso a inelegibilidade se concretize, a expectativa também é de que a movimentação da oposição nas redes sociais, uma das principais estratégias adotadas pelos bolsonaristas nos últimos anos, seja intensificada.

“Estamos nos organizando e preparando para que a direita e o conservadorismo continue prestando os bons serviços aos brasileiros como foram os quatro anos do governo Bolsonaro. Seja com ele elegível ou inelegível, continuaremos com a mesma intensidade e a mesma força”, ressaltou Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada evangélica.

Conforme apurou o Metrópoles, a expectativa do partido é que o ex-presidente seja “a cara” dos candidatos que vão concorrer em 2024. Ou seja, mesmo em caso de condenação, Bolsonaro será usado como cabo eleitoral, para puxar votos.

Uma força-tarefa deve ser montada para o ex-mandatário percorrer os estados considerados estratégicos para o PL; entre eles, Rio de Janeiro, São Paulo e as unidades federativas da Região Nordeste.

Antes da chegada de Bolsonaro na sigla, o PL havia conseguido eleger 33 parlamentares em 2018. O número cresceu três vezes nas últimas eleições. A legenda emplacou 99 deputados e 8 senadores. Desta forma, lidera, em quantidade, as bancadas em ambas as Casas Legislativas.

O julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que pode tornar Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2030 vai para sua terceira sessão, a ser realizada na próxima quinta-feira (29/6).

Nas duas primeiras etapas, houve a leitura do relatório sobre como foram conduzidas as investigações; os advogados fizeram sustentações orais; e, nesta terça-feira (27/6), o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, votou a favor da condenação do ex-presidente.

Gonçalves decidiu ler uma versão reduzida de seu voto, com 382 páginas, no qual listou os critérios pelos quais considerou que Bolsonaro cometeu abuso de autoridade e uso indevido de meios de comunicação em reunião realizada com embaixadores, em julho de 2022.

Quando marcou o julgamento, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, previu três dias de discussões. A análise começou no dia 22 e segue até esta quinta (29/6). Se houver a necessidade de estender o caso, o TSE pode convocar sessão extraordinária para sexta-feira, quando ocorre também o encerramento do primeiro semestre do Judiciário e começa o recesso do meio do ano.

Metrópoles