Novas denúncias afundam Bolsonaro na véspera do julgamento

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Foto: Adriano Machado/Reuters

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chega à semana do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode impedi-lo de disputar eleições por oito anos pressionado por novas denúncias reveladas em mensagens de seu ajudante de ordens, por uma investigação contra um senador aliado por suposto grampo ao Supremo Tribunal Federal (STF) e por depoimentos de ex-auxiliares na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro.

O TSE começará a julgar na quinta-feira (22) uma ação de investigação judicial eleitoral (Aije) proposta pelo PDT contra Bolsonaro por uma reunião com embaixadores no Palácio do Alvorada em julho de 2022, quando o então presidente usou o ato oficial para reforçar seu discurso de que existiria fraude nas urnas eletrônicas – o que ele nunca conseguiu provar, apesar de recorrentes cobranças da Justiça. O partido o acusa de abuso de poder político, uso indevido de meios de comunicação social e do aparato estatal. A expectativa entre os políticos em Brasília é de que ele fique inelegível, mas a conclusão do julgamento pode ser adiada por pedido de vista.

Na semana passada, a revista “Veja” divulgou que foram encontrados documentos no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que mostram um roteiro para anular as eleições de 2022. Cid trocou mensagens com o coronel Jean Lawand Junior, que teria sido um dos mais eloquentes apoiadores do golpe, e que afirmou nos contatos que o ex-presidente só precisava “dar a ordem” para que as Forças Armadas agissem. A ala governista da CPMI já tenta aprovar esta semana a convocação de Lawand.

O conteúdo das conversas, que estava sob sigilo, foi divulgado depois por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, com o argumento de que já tinha sido divulgado em reportagens. “A análise parcial dos dados armazenados no aparelho telefônico pertencente a Mauro Cid evidenciou que o investigado reuniu documentos com o objetivo de obter o suporte ‘jurídico e legal’ para a execução de um golpe”, diz o relatório da Polícia Federal.

Bolsonaro também deve ser chamado a prestar novo depoimento à Polícia Federal junto do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) sobre o suposto plano para gravar Moraes com ajuda do senador Marcos do Val (Pode-ES). O parlamentar foi alvo de ação de busca e apreensão na quinta-feira e novos desdobramentos devem ocorrer a partir desta operação. Ainda não está marcada a data do depoimento dele.

Além disso, a oposição, que pressionou por meses para a instalação da CPMI do 8 de janeiro, virará o primeiro alvo das investigações. Na terça-feira ocorrerá o depoimento do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, que teria sido responsável pela operação para dificultar a votação nos Estados do Nordeste no segundo turno com bloqueios nas estradas. A região foi o principal reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com muitos votos a frente de Bolsonaro. Vasques será instado a explicar a operação. Na quinta-feira, quem vai depor à CPMI é George Washington de Oliveira Sousa, que colocou uma bomba num caminhão-tanque no aeroporto de Brasília na véspera do Natal de 2022 na tentativa de forçar a atuação das Forças Armadas para tomada do poder.

Valor Econômico