Bolsonaro atacou sistema eleitoral 183 vezes em 4 anos

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Foto: Fabiano Rocha

Condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques, sem provas, ao sistema eleitoral brasileiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez 183 afirmações falsas sobre as urnas eletrônicas entre 2019 e 2022 — uma a cada oito dias de governo, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o estudo, declarações de que “a urna eletrônica não é confiável” foram as mais frequentes, ditas pelo menos 80 vezes. Já a indicação de que “a urna eletrônica não é auditável” foi feita, no mínimo, em 57 ocasiões. Esta última já era explorada no primeiro ano do mandato, quando Bolsonaro publicou um recorte de sua live, realizada em novembro de 2019, em que aparece ao lado do ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. “Você confia nas urnas eletrônicas? Podemos acreditar no resultado do 1° turno de 2018? Como dirimir essas dúvidas?”, questiona na transmissão ao vivo.

Depois que deixou o Palácio do Planalto, no fim do ano passado, o ex-presidente, seguiu com as ofensivas. Em janeiro, dois dias após os ataques golpistas aos prédios dos três Poderes em Brasília, Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais uma publicação que mostrava um procurador sul-mato-grossense divulgando teses infundadas sobre as eleições de outubro, das quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu vitorioso. No post, o procurador falava que o petista foi “escolhido pelo serviço eleitoral e pelos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral”. O vídeo era acompanhado de uma legenda onde se lia: “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”.

Em depoimento à Polícia Federal, no âmbito da investigação sobre os atos do 8 de janeiro, Bolsonaro afirmou que postou o vídeo “sem querer” e sob efeito de morfina. Na ocasião, ele estava internado em um hospital nos Estados Unidos, tratando uma obstrução intestinal, segundo sua defesa.

Em trecho do relatório do ministro Benedito Gonçalves, do TSE, que encaminhou o pedido de inelegibilidade de Bolsonaro, o magistrado mencionou que o ex-chefe do Executivo afirmou que “houve manipulação de votos nas Eleições 2018; inércia, conivência e até interesse de pessoas ligadas ao TSE que prejudicaram investigação de indícios de fraude eleitoral; e conluio para que o sistema se mantivesse vulnerável e pudesse ser manipulado para eleger um adversário”.

No voto que conclui o julgamento que condenou Bolsonaro, o presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, considerou o ex-presidente responsável por um “encadeamento de mentiras”.

O Globo