Bolsonaro depôs na PF 4 vezes em 4 meses

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Foto: Paolla Serra

Desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) tornou-se alvo de investigações que correm em diferentes frentes. Em um período de pouco mais de três meses, o ex-presidente viu-se diante de agentes da Polícia Federal em quatro ocasiões — a mais recente delas nesta quarta-feira, quando ele precisou depor sobre uma trama golpista revelada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), que afirmou ter costurado um plano junto ao ex-deputado federal Daniel Silveira e Bolsonaro para expor Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em abril, menos de uma semana após voltar dos Estados Unidos — para onde seguiu na reta final do mandato, de modo a não ter de passar a faixa presidencial a Lula na cerimônia de posse —, chegou a prestar dois depoimento em um espaço de apenas 15 dias. O primeiro girou em torno do escândalo das joias sauditas, enquanto o segundo tratou dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente depredaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília.

No mês seguinte, foi a vez de o ex-presidente falar sobre um suposto esquema de fraudes em cartões de vacinação. Dias antes, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um de seus aliados mais próximos, havia sido preso por suspeita de ter adulterado informações vacinais de diferentes pessoas, inclusive do próprio ex-mandatário e de parentes dele.

5 de abril: joias sauditas
Bolsonaro precisou depor sobre as joias dadas de presente ao governo durante a sua gestão. As peças entraram no país ilegalmente, e um dos kits, avaliado com valor milionário, ficou retido na Receita Federal. Antes de Bolsonaro deixar o cargo, emissários tentaram reavê-las para, segundo o ex-presidente, evitar um vexame diplomático sob o risco de o presente ir a leilão.

26 de abril: atos golpistas
Na investigação para identificar os autores intelectuais dos atos de 8 de janeiro — praticados por bolsonaristas radicais que não aceitavam o resultado da eleições —, o ex-presidente foi ouvido porque, dois dias após os ataques, compartilhou um vídeo que sugeriu, sem provas, que a vitória de Lula foi fraudada pelo TSE e pelo STF. Ele disse aos agentes que estava sob efeito de remédios e postou sem querer.

16 de maio: fraude em cartões de vacina
O ex-presidente negou participação no suposto esquema de fraude nos cartões de vacinação dele e de sua filha caçula que levou o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, à prisão. Cid teria atuado para inserir dados falsos nos documentos para que o ex-presidente pudesse comprovar a imunização contra a Covid-19, caso fosse necessário, já que viajaria para os Estados Unidos.

12 de julho: trama com Do Val
Em seu quarto depoimento à PF este ano, Bolsonaro admitiu que recebeu o senador Marcos do Val (Podemos-ES) no Palácio da Alvorada, mas negou ter tramado com ele uma tentativa de golpe envolvendo o ministro Alexandre de Moraes. O parlamentar é acusado de querer grampear o magistrado, presidente do TSE, e fazê-lo falar algo que comprometesse a lisura do processo eleitoral de 2022.

O Globo