Começa disputa por vaga de Rosa no STF

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, ainda nem tomou posse, mas as atenções, em Brasília, já estão voltadas para quem será escolhido para a próxima vaga que abrirá na Corte no final de setembro, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Enquanto a cadeira de Ricardo Lewandowski chegou a ser considerada “indisputável”, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou desde o início que queria o seu advogado pessoal no Supremo, a segunda vaga conta com uma lista considerável de candidatos. A expectativa é que o petista sofra mais pressão desta vez, tanto por parte da classe política, que gostaria de emplacar um nome de sua confiança, quanto de entidades, que esperam que o presidente leve em consideração critérios de diversidade e indique uma mulher para o cargo. Apesar disso, a avaliação é que Lula não deve ceder aos apelos e irá fazer uma escolha “personalíssima”, assim como fez ao indicar Zanin. Depois de ficar 580 dias presos por conta da Operação Lava-Jato, ele não abre mão de indicar um nome de sua estrita confiança e com quem possa ter um canal direto para conversar. Também, segundo interlocutores, não tem visto com bons olhos os candidatos que já chegam com um “padrinho”, seja do Congresso ou do Judiciário. Não se descarta, porém, que ele deixe a nova indicação para o ano que vem, para que o cenário se assente. Hoje, têm sido citados para a vaga tanto nomes de dentro do governo, como os ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), quanto de fora, entre eles o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. O ministro da Justiça é um dos principais integrantes do governo. Ele é próximo a Lula e tem uma sólida carreira na área jurídica. Aliados de Dino, no entanto, ponderam que seu plano para o futuro pode ser outro: ser candidato à Presidência após Lula. Já Messias é apontado como uma escolha natural, uma vez que outros AGUs já foram indicados para o STF, como André Mendonça e Dias Toffoli. De perfil discreto, pesam a seu favor o fato de ser um quadro do PT e frequentar uma igreja evangélica, segmento em que o governo tem pouca entrada. Além deles, há outros nomes que costumam sempre ser lembrados tanto por integrantes do Judiciário quanto do Congresso. O principal é Bruno Dantas, que tem o apoio de lideranças do MDB, como o senador Renan Calheiros (AL). Ele também é próximo do decano do Supremo, Gilmar Mendes. À frente do TCU, Dantas tem procurado ajudar o governo e mantido uma boa interlocução com Lula e outros petistas graúdos. Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também aparecem na lista, como Luís Felipe Salomão, que se aproximou nos últimos tempos do ministro Alexandre de Moraes. Magistrado de carreira, ele tem feito uma devassa na Lava-Jato à frente da Corregedoria Nacional de Justiça. Outro integrante do STJ é Benedito Gonçalves, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele foi o relator da ação que tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível. No rol de candidatos aparece ainda o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele, no entanto, tem atuado como um aliado do governo e teria que deixar o comando do Congresso antes de seu mandato terminar, em fevereiro de 2025. Quando se olha para o critério de gênero, os nomes mais citados são o da desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) Simone Schreiber, que atua nos processos da Lava-Jato no Rio, e o da advogada Vera Lúcia Santana, jurista negra que conta com o apoio de ala do PT. Hoje, dos 11 ministros do STF, há apenas duas mulheres: Rosa Weber e Cármen Lúcia. A própria Rosa, que ocupa a presidência da Corte, já criticou publicamente a ausência de mulheres na cúpula do Judiciário.

Valor Econômico